Eduardo Cunha está inconformado. Diz que houve interferência de poder no ato de seu afastamento, confirmado por unanimidade pelo STF.
De fato houve e isso não é bom pra preservar a autonomia dos poderes, mas não pra cassar seu mandato, o que só a Câmara pode fazer. O STF interveio pra impedir que Cunha dê a marcha no seu processo na Comissão de Ética, que pode resultar na cassação de mandato.
É até ridículo Cunha cobrar respeito ao processo e a autonomia dos poderes, porque ele também exorbitou de suas prerrogativas, legislou em causa própria, violou a soberania de decisões do plenário que comanda.
Quando o resultado de uma votação não lhe era favorável, criava um atalho pra fazer valer sua vontade com nova votação.
Cunha é o abuso de poder em pessoa.
Mas, para não variar, é comum ouvir que Cunha é um grande articulador.
Parece mentira, mas há quem diga em alto e bom som que se Dilma fosse como ele o país não estava como um trem descarrilado.
E quem diz isso, se mistura à manifestações pelo fim da corrupção e pela moralidade na política.
“É UM BANDIDO ÚTIL”, dedilham em caixa alta.
E burro né? Porque os que dizem isso, justificam o ‘raciocínio’ de que depois que ele fizer o serviço sujo, será punido.
Sabe o que acho? Cunha é um articulador genial, porque não deve ser difícil negociar com mais de 200 deputados enrolados com a justiça.
Dizem que ele tem a própria bancada, com 250 parlamentares, o que se prova com a facilidade com que obteve apoio à sua pauta bomba.
Fosse bandido, você teria mais dificuldade ou facilidade pra negociar com político bandido ou honesto?
A ‘genialidade’ de Cunha se deve a fragilidade moral do parlamento com o qual negocia.
Duvido que se daria bem num cenário distinto, ou seja, com 2/3 da Câmara que não devessem nada à justiça.
Só que é o contrário.