Hoje teremos Michel Temer como presidente, o que de cara já impõe um ritmo e ânimo diferente no país, mas a mudança é mera expectativa que pra uns é boa e pra outros péssima.
A fé no que virá não existe, mas nesse momento de inevitável frenesi o copo parece realmente que tem pouca água pra muita sede.
Sai um governo que não se pode alegar autêntico como esquerda, mas que praticou relevantes políticas de esquerda, para dar lugar a um governo essencialmente de direita.
Temos experiência com ambos os modelos e resultados pra comparar.
O PT frustrou a muitos em vários aspectos, inclusive a mim, mas quando o PSDB deixou o poder a insatisfação era a mesma, só que com indicadores bem mais negativos e de responsabilidade única das decisões políticas do governo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não foi boicotado por quase todo o legislativo a ponto de não poder se mexer, sobretudo, porque a direita tem outro modo de negociar.
Com Dilma os brasileiros enfrentaram quatro tipos de crise: a real, a psicológica, a de confiança e a potencializada pela mídia. De todas, posso dizer que sobrevivi à potencializada pela mídia.
O fim do boicote parlamentar e do ativismo judicial flagrantemente partidário, por si só, dará aos brasileiros um sopro de esperança até que o novo cenário se forme. Isso não significa que cessará o longo período de intranquilidade e ameaça ao Estado Democrático de Direito.
É um novo estado de coisas construído num banhado, que abriga, mas oferece riscos. Quem apoiou a polêmica ocupação não poderá lá na frente dizer que não teve responsabilidade, porque em terreno alagadiço a casa não cai só se não chover. A previsão é de tempestade, por questões políticas, econômicas e sociais.
O legislativo que catapultou Michel Temer de um prédio a outro, é por maioria desqualificado, imoral e desonesto.
É constrangedor, mas quem quiser pode e deve declarar satisfação na troca de uma presidente eleita por um vice-presidente conspirador – citado em investigações por corrupção – com o aval de parlamentos com tão pífio índice de autoridade moral.
O processo de impeachment que muitos defendem como um ‘ato jurídico perfeito’, foi orquestrado e conduzido por réus, mas consolidado por parlamentares que não titubearam em prejudicar o país trancando pauta e votando pauta-bomba de R$ 207 bilhões como vingança de Eduardo Cunha ao governo .
A democracia deu lugar ao novo jargão Corrompe, mas faz.
Por uma questão de probabilidades, o mais incauto é o que vislumbra um novo padrão moral dos políticos, tendo exaltado a máxima de que o fim justifica os meios.
A história colocará cada um no seu devido lugar, sobretudo os brasileiros que como acusam Dilma, aceitaram o jogo e não poderão dizer que não sabiam das jogadas.
O que a grande mídia do país não divulgou ou manipulou, a alternativa e a internacional não deixaram passar em branco, legado das redes sociais pro futuro.
Quem não quiser ler nada além do padronizado e enquadrado aos interesses das oligarquias, ore muito, afinal tudo o que está por vir, virá com a nova onda pentecostal que ocupou espaços na política para modificar o nosso modo de viver.
E esse tsunami devastará mais que o país, muitas mentalidades.