O que combinaram no breu das tocas foi aprovado no primeiro de junho, na calada da noite.
Em plena recessão como aterroriza a grande mídia diariamente, a Câmara aprovou 14 projetos de reajustes salariais para servidores dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e para a Procuradoria-Geral da República, além de militares.
E isso, dez dias após o governo provisório anunciar um déficit de R$ 170,5 bilhões para este ano. O impacto será de mais de R$ 50 bilhões em quatro anos nas contas públicas.
Os servidores do Judiciário ganharam um reajuste que vai variar entre 16,5% e 41,47% e os Ministros do Supremo Tribunal Federal terão aumento de 16,38%, com o salário passando dos atuais R$ 33.763 para R$ 39.293,38.
Há um ano, a presidente Dilma vetou o reajuste alegando que “um impacto dessa magnitude é contrário aos esforços necessários para o equilíbrio fiscal na gestão de recursos públicos”.
Mas, isso num cenário de distribuição. De privilégios, dá pra fazer, porque uns vão se submeter aos ‘sacrifícios’ que Temer disse que seriam inevitáveis.
Notícia pior que essa nesta terça-feira, só a da aprovaçãoda proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga até 2023 a permissão para que a União use como bem entender parte da arrecadação, a chamada Desvinculação de Receitas da União (DRU). A aprovação do texto-base se deu por 334 votos a favor e 90, contra.
Dá pra confiar na palavra de Temer que prometeu não reduzir o percentual aplicado na saúde e educação? Palavra, Temer, confiar.
Não parece lógico construir uma frase considerando que Temer assumiu o governo, após intensa conspiração como vice-presidente, divulgada descaradamente e amplamente na imprensa.
Pelo olhar privilegiado que lançou aos mais abastados ao avalizar esse aumento salarial em plena crise econômica, não há dúvidas sobre o lombo de quem irá bater o chicote pra bancar a despesa.