A morte de Mohammad Ali me fez responder a um amigo que perguntou com precisão o que tenho escutado cada vez com mais frequência: “Você acha que vale a pena brigar por causa de opinião política?”
Ao que, respondi, que só evita o atrito quem não convive em redes sociais.
Do contrário, temos que escolher. Impávido como Mohammad Ali ou tranquilo e infalível como Bruce Lee?
Fora o dever que acho que todos têm de se posicionar sobre o lamentável momento de ruptura democrática que o país enfrenta, não há como ficar inerte à provocações sem contestar.
Mas, mesmo quem fica quieto no seu canto, praticando o ‘delito’ de revelar o que pensa não escapa de conflito.
Uma simples curtida em qualquer publicação com conotação política é motivo pra debate pelos polos, pelos poros.
A estratégia eficaz anti-atrito é não dizer nada sobre nada, o que pra algumas pessoas significa deixar de existir, sair do ar.
E aí sim, pergunto: isso vale a pena?
Creio na energia positiva que une os humanos mesmo em tempos de desumanidades.
Ser como o índio alienígena que descerá de uma estrela colorida, brilhante, como Caetano idealizou, “mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias”, é simplesmente impossível. Esse índio deve ter sido imaginado com muita Yerbabuena na cabeça.
As redes sociais nos revelaram e o que sobrar das relações virtuais estremecidas pelo debate político, sim, será como “o espírito dos pássaros das fontes de água límpida”.
Do mesmo modo que perdi (se é que é perdi) amigos ao me defender com golpes como os de Ali, ganhei pessoas lindas.
Vi o quanto são lindas as que mesmo odiando minhas opiniões políticas, se mantém unidas a mim por outras afinidades.
Então, que pelas aquisições eu suporte as perdas.
Nada como um golpe forte que decepciona pra dar ainda mais valor a um abraço.
Com a amizade no seria diferente, pra descobrir onde há, temos que pagar o preço.