Há 10 dias travei um debate asqueroso por causa de uma publicação a qual simplesmente não consegui me manter indiferente.
Uma pessoa de prestígio na sociedade portovelhense escreveu que o PT “sempre defende o errado: os bagunceiros e desocupados do MST, idolatram Fidel Castro, Maduro, Evo Morales. As minorias como gueto de vagabundo, homossexual, homicidas, Trans sexual, Kilombolas, carta de São Paulo…”
O vômito de ódio parecia de torresmo podre e, talvez por isso, tenha escrito tudo absurdamente errado.
Pela publicação ganhou 30 curtidas e não apareceu uma pessoa para protestar comigo por tanta ignorância e preconceito despejados impunemente numa rede social.
Mas, como desgraça mental pouca é bobagem, outro ‘dotô’ escreveu em caixa alta: “APOIO”!
Um que se identifica como protestante em seu perfil disse: “concordo com vc meu amigo sou seu fã como pessoa e amigo o senhor tem meu respeito”.
O ódio deve cegar mesmo, porque nunca vi tantos erros de português em tão poucos caracteres. Pior, num debate que envolveu o conceito vesgo de meritocracia, sempre presente na argumentação dos que se acham melhores que outros pelo que têm e não pelo que são.
O massacre de homossexuais em Orlando me fez lembrar desse debate e, principalmente que não há fronteira para o ódio, nem distância, nem nada que identifique a bosta de diferença entre quem obteve sucesso na vida com ou sem mérito. Até que a morte nos iguale, há quem viva com a certeza da superioridade como seres humanos.
Os seres que praticam coisas horríveis como essa matança homofóbica, praticam coisas horríveis por três razões:
1- eles podem;
2- eles querem;
3- e porque há outras pessoas no mundo que fazem o mesmo.
Essas são as razões das guerras também, mas se identificam com outros termos:
1- Tecnologia;
2- Ideologia;
3- A banalização da violência.
Daí, todas as desgraças do mundo e a sentença irrecorrível de que vamos nos matar se não aprendermos a nos amar. Dizem que o século XX foi o mais violento da história e o escritor Mattew White, autor de O Grande Livro das Coisas Horríveis, juntou o que considera as 100 piores atrocidades cometidas no mundo.
Não cheguei nem na metade, mas como sempre leio o final antes, adianto que cerca de 60% das pessoas ruins responsáveis por multicídios viveram felizes para sempre.
Vamos aos detalhes:
7% morreram em batalha;
4% por suicídio;
9% foram executados;
4% na prisão;
8% no exílio;
11% encontraram uma saída pacífica;
E 49% morreram de morte morrida, após governos contínuos.
Se a gente horrível desses tempos medonhos acabar assim, que possamos ao menos escrever outras versões da história enquanto vivem para que saibam o quanto são horríveis.
E que não haja fronteira pra comunicação, pra mobilização, pra defesa da vida e da liberdade.