Mais de 50 acordos de delações premiadas já foram feitos na Operação Lava Jato e cada homologação os pilares da Casa Grande sofrem rachaduras e a Senzala fica em polvorosa.
É tão inacreditável a ameaça que paira sobre as oligarquias políticas e econômicas que sempre mandaram e desmandaram no Brasil que ninguém aposta numa nova ordem em que poderosos sejam punidos por seus maus feitos.
O chicote mudando de mão, definitivamente é algo que brasileiro não esperava ver.
José Sarney, o imortal da Academia Brasileira de Letras, nu, desmoralizado com um pedido de prisão?
O povo até tenta entoar um canto de alegria, mas cada revelação “soa apenas como um soluçar de dor.”
A incerteza sobre o que restará das denúncias que envolvem o Stablishment ecoa noite e dia, é ensurdecedora.
Todos os envolvidos negam participação no maior escândalo de corrupção já revelado no país, o da Petrobras. Só que, embora faltem provas robustas, está claro que houve um “pacto nacional” para afastar a presidente eleita e “estancar a sangria” provocada pelas investigações.
A delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, confirma o já dito em outras sobre a participação direta de políticos poderosos no esquema de desvio na estatal.
Se ele mente ou aumenta, os demais combinaram fazer o mesmo, o que é improvável pela solidez do liame entre as denúncias.
Mais dia, menos dia, provas concretas surgirão. O efeito Marcos Valério tem motivado novos pedidos de acordo de delação, pois ninguém quer suportar uma pena pesada atrás das grades como o operador dos mensalões petista e tucano. Ele mesmo pediu pra dar novos detalhes que possam reduzir a pena de 37 anos que cumpre em Belo Horizonte, por formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e peculato.
Por entregar o esquema e os políticos que sangraram a Petrobras, Sérgio Machado vai cumprir a dele na mansão que possui em Fortaleza, de onde não poderá sair pelos próximos dois anos e três meses. Ele ainda poderá receber a visita de 27 pessoas, incluindo um padre.
Compensa ou não o acordo de delação?
Pode até compensar, mas ninguém quer passar por isso e perder o status de ilustre morador ou frequentador da Casa Grande.
Apavorados, de olho no chicote, parlamentares já apresentaram projetos pra mudar as regras do instituto da delação. Não para melhorar sua eficácia, pelo contrário, querem mudar pra barrar futuras investigações da Lava Jato.
Quando poderosos não podem com a Lei, mudam a Lei, não foi sempre assim?
O misto de herói e vilão, Getúlio Vargas criou a Lei Teresoca pra favorecer uma pessoa, que não era uma pessoa qualquer, mas Assis Chateaubriand, o magnata das comunicações. Detalhe: pra ajudar o amigo a obter a guarda da filha da amante de 15 anos por quem nutria um ciúme patológico e queria se vingar.
Que ninguém esteja acima da lei é condição determinante para o resultado da Operação Lava Jato.
Já passou a hora da ‘senhora idosa’, a corrupção, largar as mãos do nossos bolsos.