Safadão vale 500 mil ou é safadeza investir tanto dinheiro público só pra ouvir ele cantar?

Safadão vale 500 mil ou é safadeza investir tanto dinheiro público só pra ouvir ele cantar?

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A pergunta corre de boca em boca com a polêmica por conta do cachê cobrado pelo show de Wesley Safadão na festa de São João de Caruaru.

Quem acha que sim, o vê como um ícone do mercado do forró eletrônico que perseguiu e conquistou merecidamente o sucesso e portanto, é natural que cobre tão caro pra se apresentar.
Quem acha que não, o vê como um símbolo da música de pouco valor que se baseia em narrar o contexto piegas das relações amorosas ou festivas com apelo sensual ou humorístico.

O fato é que o jovem representa um mercado que movimenta milhões em feiras, arraiais, vaquejadas e casas de shows. Se ele merece de fato 1% do valor artístico que atribuem às músicas que canta, é outra história.
Safadão é um produto de sucesso, mas nem sempre o que vende bem tem qualidade.
Ninguém diverge sobre o talento e a qualidade das músicas de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Dominguinhos, não é não? Esses gênios usaram como referencial simbólico os modos de viver e criar numa região, a cultura que se universalizou.

O forró eletrônico não, ele propaga uma mensagem universal, não territorializada, focada no comportamento previsível que surge da relação festa-amor-sexo.
Em todo o país, o forró eletrônico tem cada vez mais presença no cotidiano da população e não poderia ser diferente, pois rádios e tevês privilegiam esse ritmo em detrimento de outros.
Para Felipe Trotta, Doutor em Comunicação e Cultura pela UFPE, “não se pode restringir o sucesso do forró eletrônico à vertente jovem interiorana. Isso caracterizaria uma tentativa de homogeneização das afiliações culturais.”

Os mais jovens potencializam o sucesso do ritmo, porque absorvem mais o forró eletrônico pelos elementos que identificam nas músicas, mais presentes no seu dia a dia.
Então, se Safadão merece 500 mil por um show, não vem caso, porque ele movimenta o mercado e o mercado é quem manda, concentrando o investimento privado e público em shows com muito público e pouco valor artístico.
E isso acontece, não sem rolo, não sem corrupção.

A empresa que administra os shows de Safadão já se envolveu num escândalo de contratações fraudulentas de apresentações artísticas investigado pelo Ministério Público no Rio Grande do Norte. “Só em dois eventos de 2012, carnaval e festa de emancipação política de Guamaré, foram despendidos R$ 6,1 milhões” em eventos artísticos e duas empresas de Pernambuco foram investigadas, uma delas, a do empresário do Safadão, conforme matéria do Estadão.
Quem gosta, porque gosta de Safadão, não vai ligar pra isso.

O empresário dele, que controla uma gorda fatia desse mercado, alguém que abre ou fecha portas vorazmente, que já mandou pra geladeira por anos músicos de indiscutível talento do Nordeste, agradece.

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