Quadrilhas param Câmara. Acordai, acordai, acordai eleitor

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Câmara fecha para dançar quadrilha até 4 de julho

Por Ricardo Kotscho

Pular fogueira, dançar quadrilha, tomar quentão ao som de forró, é uma beleza. Quem não gosta?

Mas os caros leitores e leitoras podem imaginar uma empresa privada de qualquer porte dispensar seus funcionários de baterem o ponto por duas semanas para participar dos festejos juninos?

Junho termina quinta-feira, dia 30, mas as excelências da Câmara dos Deputados só deverão voltar ao batente, oficialmente, no dia 4 de julho, na outra segunda-feira, dia em que não costuma haver expediente por falta de quórum e o plenário fica deserto.

Na verdade, as festas juninas dos deputados começaram antes do São João e só vão terminar depois de São Pedro.

O que seria uma aberração na iniciativa privada, e poderia até dar demissão, no entanto, é tratado como algo absolutamente natural, normal, corriqueiro quando se trata dos nossos parlamentares. Sempre foi assim, dirão vocês, por que haveria de mudar agora?

A nota oficial divulgada nesta sexta-feira pela assessoria de imprensa da presidência da Câmara explicando o feriadão junino é de uma singeleza comovente: “Os festejos são responsáveis por grande mobilização popular, especialmente na região nordeste do país”. Que maravilha!

E daí? Por acaso nas outras regiões brasileiras também não tem festa junina?

Pois tentem adivinhar: quem é o maior beneficiado (ou usufrutuário, como ele gosta de dizer) deste recesso fora de época? Ele, claro, o invencível Eduardo Cunha, que foi afastado da presidência da Câmara pelo STF, mas deixou em seu lugar o “parça” Waldir Maranhão, seu fiel aliado.

Com a prolongada folga geral autorizada por Maranhão, Cunha ganha mais tempo para cozinhar em banho maria o julgamento do seu processo de cassação, que já foi aprovado pelo Conselho de Ética, depois de lá se arrastar por mais de oito meses, batendo todos os recordes.

Agora, a votação do recurso apresentado por Eduardo Cunha contra a decisão do Conselho só deverá acontecer na Comissão de Constituição e Justiça, presidida por outro aliado, Osmar Serraglio, no dia 12 ou 13 de julho. Serraglio justificou assim sua previsão: “Com esse desarranjo, não vai ter ninguém em Brasília, como eu iria fazer as sessões?”.

O recurso na CCJ é a última tentativa do presidente afastado, que já tem sua prisão pedida pela PGR ao STF, para evitar que o processo siga ao plenário, onde ele deverá ser derrotado por larga margem, já que a votação será aberta. Mas isso só deverá acontecer, se acontecer, lá para o dia 20 de julho, às vésperas do recesso regulamentar das excelências.

Na volta, em agosto, estarão nas ruas as campanhas da eleição municipal e as atenções do país voltadas para os Jogos Olímpicos do Rio. No final deste mês, também deve ocorrer a votação final do processo de impeachment aberto no Senado contra a presidente Dilma Rousseff.

Em setembro, as excelências estarão longe de Brasília, trabalhando por seus candidatos em suas bases eleitorais. Depois, teremos as eleições municipais de outubro em dois turnos e, quando os vencedores forem anunciados, já estaremos próximos do recesso de final de ano, já que ninguém é de ferro.

O Brasil real, onde os eleitores enfrentam as consequências da maior crise econômica da nossa história, que espere pelo ano que vem.

Vida que segue.

Em tempo -1 – vou aproveitar a deixa e também tirar uma breve folga na próxima semana para participar da Flip, em Parati. Volto, junto com as excelências, no dia 4 de julho.

Em tempo – 2 (atualizado às 14h45 de 26.6):

Segundo a agência Estadão, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, desistiu de dar uma folga geral para os deputados no feriadão junino dos parlamentares, que iria até o dia 4 de julho.

Como pegou muito mal a sua decisão, e diante dos “desgastes políticos” da medida, agora ele só dispensará os deputados de bater o ponto na quarta, quinta e sexta-feira da próxima semana.

Na segunda e terça-feira, haverá sessões deliberativas.

Quem acredita que haverá quórum?

Virou um deboche…

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