Rio: bilhões em obras e um colapso olímpico
Cifras astronômicas de um lado, falta de serviços básicos para o povo do outro
Jornal do Brasil
O gráfico que mostra a proporção dos gastos nas obras para a Olimpíada revela também o quanto o pais perdeu com a Copa do Mundo.
De acordo com os números levantados pela Folha de S. Paulo, o gasto total é de R$ 39,1 bilhões, sendo 56,9% de verba privada e 43,1% de verba pública.
Se o superfaturamento foi igual ou proporcional aos que os empreiteiros fizeram na Petrobras – até porque a CPI da Olimpíada não consegue ser aprovada na Câmara de Vereadores do Rio, o que faz com que a opinião pública tenha dúvida sobre a dignidade dela -, o tamanho do rombo pode ser ainda maior.
Vale lembrar, por exemplo, que o campo de golfe olímpico foi construído no terreno particular, ao custo de R$ 60 milhões, e o dono da área ainda obteve em troca o direito de erguer em seus arredores 22 edificações de luxo, cada uma com 22 andares, em uma área construída de 600 mil metros quadrados.
Tudo isso sem contar com as obras do polêmico velódromo – ainda inacabado a um mês dos Jogos, e com custo de R$ 150 milhões -, do Parque Olímpico Maria Lenk – cuja reforma custou R$ 21,4 milhões -, da Ciclovia Tim Maia – que custou R$ 44 milhões e teve trecho derrubado por uma onda três meses após a inauguração, deixando dois mortos -, das obras do metrô – cujo custo passou de R$ 392 milhões para R$ 8,4 bilhões -, do VLT – de eficiência questionada e custo de R$ 1,1 bilhão-, e sem falar nas suspeitas com relação às milionárias concorrências.
Toda esta verba de cifras bilionárias, aplicada em obras olímpicas, poderia ser revertida para mais remédios nos hospitais, salário melhor para os professores – que hoje vivem à míngua – mais segurança e transporte decente para os cidadãos. Mas o que se vê é o Estado em colapso, o povo sem os serviços básicos, e uma falta de perspectivas verdadeiramente olímpica.