Como os brasileiros vão reagir caso o governo acate a proposta da Confederação Nacional da Indústria de elevar de 10 para 12 horas a jornada diária de trabalho?
O presidente da CNI, Robson Andrade, sugeriu que o Brasil imite a França que decretou reformas, passando por cima do parlamento.
O cara que representa o chicote, que certamente não pega no pesado por 80 horas semanais, afirmou que o governo deve promover “medidas muito duras na Previdência Social e nas leis trabalhistas para equilibrar as contas públicas”
Pior, a reforma sugerida pela Indústria prevê ainda a diminuição do pagamento de horas-extras, que atualmente pagas a 25%, passariam a ter apenas valor mínimo de 10%; flexibilização dos acordos coletivos de acordo com os resultados da empresa; criação da “demissão econômica”, que pode ser invocada pela empresa em caso de problemas financeiros; e, por fim, a diminuição do seguro-desemprego para trabalhadores há mais de 15 anos no mesmo emprego.
As ‘dicas’ pra fortalecer a competitividades da indústria sacrificando o trabalhador foram repassadas ao presidente interino, Michel Temer, numa reunião com cerca de 100 empresários do Comitê de Líderes da MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação.
Robson Andrade disse que o empresariado está “ansioso” para que essas mudanças sejam apresentadas “no menor tempo possível”.
Na França, houve vários protestos que resultaram em atos de vandalismo e confronto com a polícia. Isso o presidente da CNI não falou.
Como os brasileiros irão reagir a essa ‘parceria’ sugerida pela CNI pra salvar a economia, em que o empregado entrega às costas a um chicote mais grosso, ninguém pode prever.
Pode ser muito pior do que na França.
Cai como uma luva aquela do sociólogo Jessé Souza: “A elite não odeia os pobres, ela tem uma indiferença blasé, quer o dinheiro dela e pronto.”