A convocação aos protestos durante os jogos olímpicos circula nas redes sociais. A ordem é usar o evento de grande projeção na mídia internacional para desmoralizar o presidente interino o xingando de golpista.
É um grito que ecoa diariamente desde o início do processo de impeachment da presidente Dilma Roussef em protestos em todo o país, mas a grande imprensa não divulga.
Na Copa do Mundo ocorreu o contrário, os protestos ganharam destaque diário.
Lembram?
O público que pagou até 900 reais pra ver a abertura da Copa, gritou e a imprensa repercutiu: “Ei, Dilma, vai tomar no cu!”
Era um plateia por maioria com brancos, abastados e abestados.
Os manifestantes que se preparam para recepcionar Michel Temer nas competições prometem entoar um xingamento que esfarela a moral de qualquer cidadão, mas sobretudo de um governante: Golpista!
Pra quem tem noção do impacto do palavrão ‘golpista’ numa democracia, mandar tomar no cu é menos doloroso.
É potencialmente mais violento e vergonhoso acusar um presidente de conspirar para usurpar o poder.
Existem normas de caráter que pesam quando cobradas no lugar certo, na hora certa.
Foi assim na Olímpiada do México em 1968, quando Tommie Smith, medalha de ouro, e John Carlos, de bronze, desafiaram o Comitê Olímpico erguendo o braço com luva preta, imitando a saudação consagrada pelos Panteras Negras, um grupo que fez história no combate à discriminação nos Estados Unidos.
Temer deve sentir na pele o xingamento dirigido à Dilma na abertura da Copa, ao ser exposto na mídia internacional como golpista.