Em bolo que só tem uma cereja, só se olha pra cereja.
Por isso, quando alguém faz de tudo pra sair do ostracismo e se gaba ao conseguir, dizemos que ‘só quer ser a cereja do bolo’.
Na abertura dos Jogos Olímpicos na próxima sexta-feira, o lugar de destaque na festa, de cereja, é do presidente interino, Michel Temer, que teme ficar enrubescido com a previsão de uma recepção acalorada.
E não é por nada, Temer contará com muitos convidados importantes.
Do lado de dentro da festa…
Estão confirmadas as presenças do presidente da França, François Hollande, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, o príncipe da Dinamarca, Frederik, o Rei da Bélgica, Phillipe e o vice-presidente da Guiné Equatorial, o extravagante Teodoro Obiang Mangue, filho do ditador Teodoro Obiang.
Do lado de fora…
O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos avisou que vai e vai levar milhares de convidados não pra aplaudir, mas vaiar o presidente e denunciar o que considera um golpe político-midiático-judicial. A Frente Brasil Popular também vai protestar e, vai com a CUT e outros movimentos sociais e de esquerda.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou o óbvio, que agirá “com bom senso” diante de protestos pacíficos com cartazes, bandeiras ou outros símbolos dentro das arenas olímpicas. Nem poderia ser diferente, pois foi com bom senso que o Comitê Organizador da Copa agiu quando a torcida abastada ‘sem senso do ridículo’ vaiou e mandou a presidente afastada Dilma Roussef ir ‘tomar no cu’, na abertura do mundial.
O que não se pode prever como protestos dentro das arenas ao longo da competição é que preocupa as autoridades brasileiras, afinal o presidente interino conseguiu o inusitado: ensaio de vaia no ensaio da festa abertura.
A esgrimista Alejandra Benitez, 36 anos, uma das atletas de maior relevo na Venezuela vai disputar sua quarta Olimpíada e já avisou que não vai saudar o interino.
Ex-ministra do Esporte no governo de Nicolás Maduro, deputada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela, disse à imprensa que lamenta ver Temer como a cereja do bolo, “porque pensava que ia passar pelo estádio e iria saudar a Dilma, como presidente da república. Mas agora há um golpista. Eu não vou saudá-lo, por exemplo, porque é um golpista.”
As Olimpíadas do Rio são uma conquista do governo Dilma e portanto, a presidente afastada disse que torce pra que tudo ocorra bem, apesar de avisar que não vai à abertura.
Dilma não quer nem colocar a cereja no bolo, nem aparecer em foto de governo golpista.