É uma putaria, sem sombra de dúvida, o Ministério da Justiça não recomendar que menores de 18 anos assistam o filme Aquarius, do cineasta Kleber Mendonça Filho. Tudo porque o elenco protestou no Festival de Cannes contra o golpe que representa um verdadeiro estupro à democracia brasileira.
Os artistas denunciaram a suruba entre parlamentares, a mídia e o judiciário para derrubar a presidenta eleita e colocar em seu lugar uma espécie de boneco inflável que qualquer um pode usar quantas vezes quiser.
O que fizeram com o Brasil, sim, é uma cena imoral com situação complexa.
Todo mundo viu as gravações que desnudaram o caráter dos golpistas sob o comando do presidente do Senado, Renan Calheiros, do então ministro do governo interino, Romero Jucá e do sempre ativo ex-presidente da república, José Sarney.
Uma cena que não se recomenda aos mais velhos e muito menos aos mais novos, pois estimula tudo o que não presta como norma de conduta. Os pilares da moralidade da família brasileira não sofreram nenhum abalo e a grande imprensa cumpriu o dever de fazer o povo esquecer.
Os artistas se posicionaram contra o golpe no evento de grande visibilidade para mostrar ao mundo o que a imprensa brasileira abafa.
Um ato legítimo, amparado constitucionalmente e histórico em defesa da democracia brasileira.
As cenas de sexo do filme que fundamentaram a classificação desproporcional, duram menos de 30 segundos, dois minutos e meio a menos que as falas de mais de 3 centenas de deputados indecentes na hora do voto favorável ao impeachment.
Não dá pra calcular os tons da falta de vergonha na flagrante retaliação ao protesto do elenco e nem descrever o bodum que exala de mentes comprometidas com a arbitrariedade.
No Facebook, Kleber Mendonça protestou contra a classificação: “Vejo que há motivo para estarmos alertas. Liberdade de expressão é essencial numa democracia.”
Filme imoral é o que assistiremos no desfecho do processo de impeachment da presidenta eleita.