Depois não diga que um dos jornais mais influentes do mundo não avisou

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New York Times: Presidente brasileira deposta

O Brasil teve quatro presidentes eleitos desde que a democracia foi restaurada, em 1985. Dois deles cumpriram seus mandatos. Na quarta-feira (31), Dilma Rousseff foi a segunda a ser deposta enquanto no cargo, em meio a um turbilhão político e denúncias de malfeitos.

Os senadores votaram por larga maioria no impeachment de Rousseff pelo uso de fundos de bancos estatais para sustentar o orçamento do governo antes de sua reeleição em 2014, o que eles consideraram um crime; alguns de seus antecessores usaram truques orçamentários semelhantes. A saída de Rousseff marca o fim de um regime transformador de 13 anos do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, que usou as receitas do Estado geradas por um apogeu das matérias-primas para tirar milhões de pessoas da pobreza, mas perdeu o apoio quando a economia entrou em recessão nos últimos anos.

Rousseff denunciou o processo como um golpe de adversários políticos que a consideravam uma ameaça porque não impediu um inquérito sobre corrupção que envolvia dezenas de membros da classe governante do país. Rousseff comparou o caso contra ela com o período do regime militar, quando foi uma das centenas de pessoas detidas e torturadas.

“Hoje o Senado tomou uma decisão que entrará para a história como uma grande injustiça”, disse ela em um discurso desafiador, depois que os legisladores votaram por 61 a 20 por seu impeachment. “Sessenta e um senadores reverteram a vontade expressa por 54,5 milhões de votos.”

Rousseff prometeu combater o que ela descreveu como a tentativa de uma coalizão de políticos homens de direita, eles mesmos manchados por denúncias de corrupção, para sequestrar o processo político. “O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária”, disse ela.

Será uma vergonha se a história provar que ela tem razão. Mas o legado de Rousseff, e os fatos que levaram a sua queda, são mais complexos do que ela admite. Rousseff tornou-se profundamente impopular quando a recessão se instalou e ela não conseguiu criar a coalizão necessária para governar com eficácia. Quando investigadores da corrupção se concentraram em seu antecessor na Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ela abusou de sua autoridade ao lhe dar um cargo de ministro, para protegê-lo de um processo.

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