Exército admite realização de “operações de inteligência” em protestos. Infiltração em manifestações contra o governo Temer, entretanto, não foram confirmadas.
No Brasil de Fato
O Exército brasileiro admitiu realizar, permanentemente, “operações de inteligência” durante “manifestações de rua”. A revelação vem à tona duas semanas após um capitão ter sido detido – e liberado – pela Polícia Militar junto a jovens que se preparavam para ir a um protesto contra o governo não eleito de Michel Temer (PMDB).
As declarações foram divulgadas pelo portal de notícias G1. O Exército, entretanto, não confirmou se o capitão atuava como infiltrado sob ordens e se tinha autorização judicial para suas ações.
Caso
O oficial de inteligência Willian Pina Botelho, 37, utilizou um perfil falso em redes sociais para se infiltrar em organizações de esquerda e entrar em contato com militantes anti-Temer. Se passando por militante – sob o nome de Balta Nunes -, de acordo com o relato de jovens detidos, indicou o local de reunião antes de irem a um protesto contra o governo.
A detenção envolveu diversos policiais, viaturas e até mesmo um helicóptero. Os manifestantes foram encaminhados para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), enquanto Botelho foi liberado. Após a revelação do caso, o militar chegou a tentar manter a utilização de perfis falsos, afirmando, inclusive, que teria sido liberado por ter subornado policiais.
Os ministérios públicos estadual e federal abriram investigações para determinar se Botelho agia sob ordens do Exército e em que medida sua atuação estava articulada com as polícias civil e militar.
Edição: José Eduardo Bernardes