Todos os partidos perderam votos na disputa pelas prefeituras se comparamos esta eleição com a de 2012, mas o PT despencou da 1ª para a 9ª posição. Um fato que se revela como desdobramento do golpe iniciado logo após a vitória de Dilma Rousseff em 2014.
A perseguição da mídia, do judiciário e do Congresso Nacional mais chinfrim desde a redemocratização, impuseram essa dramática realidade.
Mas, não foi só o PT que encolheu.
A comemoração da direita nas redes sociais demonstra que o ódio e o preconceito se agigantaram, definiram o resultado que reduz não só a musculatura de partidos, mas a consciência do brasileiro.
Temer votou na primeira hora com medo de encarar o povo e Dilma quase foi agredida quando a Polícia Militar censurou a cobertura da imprensa à cacetadas.
Foram eleitos em primeiro turno 23 milionários, 10 do PSDB e foi o discurso religioso que impulsionou candidaturas de prefeitos e vereadores em todo o país, um contraste bizarro com a fé cristã.
Só uns minutos na internet bastam pra ver que a maioria não ama todo próximo como o que está mais próximo.
São tempos de intolerância, medo e guerra.
A mistura de ódio e preconceito como combustível nas duas eleições vai gerar ainda desdobramentos imprevisíveis e perigosos.
A esquerda derrotada nas urnas vai juntar seus cacos e formar uma Frente Ampla pra encarar a onda conservadora que atingiu nível mortal.
Mas, a direita, segue histérica, entorpecida por motivações de extrema-direita.
Nesta terça-feira meu filho está suspenso da escola porque criou uma página de notícias que denunciou entre bobagens a foto de alunos em continência ao nome Bolsonaro.
São tempos medonhos em que reina a perseguição e a hipocrisia.
O PDMB, PSDB e PP, líderes nas delações premiadas da Operação Lava Jato saíram maiores das urnas graças à falsa moral da sociedade que prega da boca pra fora o fim da corrupção.
Mais de 2 mil mulheres concorreram à prefeituras, mas em cada 10 candidatos no primeiro turno, só 1 se elegeu. O brasileiro de um modo geral acha que lugar de mulher não é na política. Fato.
Sim, o brasileiro vota em sã consciência.
Do contrário, como explicar que os eleitores paulistas que elegeram Fernando Haddad em 2012, optem agora pelo extremo, João Dória?
O povo baiano que escolheu o PT em três sucessivas eleições, mudou para Acmizinho em 2012 e o reelegeu.
Não dá pra perder a consciência em 4 anos.
O eleitor brasileiro sabe o que faz, e hoje surfa por maioria na onda conservadora, porque a grande mídia diz que é a onda do momento.
A mini ‘deforma’ eleitoral privilegiou quem tinha dinheiro ou máquina partidária, como sempre, mas pelo encurtamento do tempo de campanha o resultado foi ainda pior.
O poder oligárquico segue como base do nosso sistema, mas o eleitor se deixou levar muito também pelo debate de classes.
Agora o eleitorado segue dividido, mas não só pra que uns deem bem, mas pra que outros caiam em desgraça.
A Casa Grande está em festa!
Como a história não é linear, aguardemos o canto de revolta pelos ares.