CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

urubu

Contra a guerra e para não participar dela, durante o segundo conflito mundial, o alemão Johann (Peter Ketnath) imigra para o Brasil.

Do Rio de Janeiro parte para o sertão nordestino vendendo aspirinas. Lá conhece o retirante Ranulpho (João Miguel) que passa a ser seu ajudante.
Numa parada, em um pequeno povoado, o líder daquela pequena comunidade de famélicos, o Claudionor Assis (Osvaldo Mil) interessa-se em ser o distribuidor do remédio para todo o sertão e acolhe com boas vindas o alemão e seu ajudante.
Esse último, por sua vez, engraça-se com a mulher di soturno Claudionor que, desconfiado, passa a vigiar seus passos. Numa noite, embalados pela bebida, os três conversam.
Claudionor verbaliza sua ambição:
– Vai ser o maior sucesso. Eu vou representar a aspirina pra esse sertão todo…
– O senhor vai é ganhar dinheiro às custas dos outros né?
– Uma pessoa que nunca teve dor de cabeça vai começar a ter somente para tomar aspirina..
Claudionor provoca. É uma indireta para o Ranulpho:
– Principalmente para os cornos, não é seu Johann?

Polidamente, o alemão não responde. Toma sua vez o Ranulpho que, sem desconfiômetro, dá margem para um diálogo com Claudionor.
– O doutor já gosta de piada de corno, ne seu Johann?
– Abusado esse seu ajudante, né seu Johann?
– Isso é o sertão: miséria, coronel e piada de corno…
– Eu não sou coronel, sou empresário…
– É a mesma coisa…
– Não é não!
– Qual a diferença?
– A diferença é que se eu fosse coronel eu já tinha mandado meu capanga te pegar. Mas, como eu sou empresário, eu mesmo posso fazer isso, não preciso mandar ninguém.

*Filme de Marcelo Gomes, 2005

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