Delegado da PF diz que prejuízo com esquema de corrupção pode chegar a R$ 5 milhões
Fonte: Folha do Sul
Autor: Rogério Perucci
Logo após a prisão do prefeito de Vilhena, Zé Rover (PP), na manhã de hoje, três autoridades que coordenaram a ação concederam entrevista à imprensa. Participaram da coletiva, o procurador Claudio Wolf Harger, do Grupo de Apoio de Combate ao Crime Organizado (GAECO), o delegado da PF, Flori Cordeiro de Miranda Júnior, e o promotor público Elício de Almeida e Silva, mas apenas os dois primeiros falaram.
Harger explicou a atuação conjunta dos três órgãos: “A partir de 2015, o MP do Estado, pelas Procuradorias de Vilhena, e a PF, também com a participação do MP Federal na cidade, passou a investigar crimes contra a administração no âmbito da prefeitura”. O procurador explicou que, na medida em que surgiram evidências da participação de Rover nos crimes, o GAECO passou a atuar, uma vez que o prefeito tem foro privilegiado.
O representante do GAECO explicou a motivação da prisão do mandatário: a investigação concluiu que o prefeito, enquanto no cargo, estava de posse de provas de interesse das autoridades e na gestão de recursos financeiros. Como havia desvio de recursos e pagamento de propina, era necessário afastá-lo do cargo, o que foi autorizado pelo Tribunal de Justiça de Rondônia.
Harger, que classificou o líder vilhenense como “chefe da organização criminosa”, enumerou os tipos penais pelos quais ele irá responder: lavagem e capitais, crimes contra a administração, falsidade ideológica e pagamento de propinas.
O delegado Flori, que atua em Porto Velho, mas veio à cidade para comandar as últimas ações da PF, explicou as medidas para tentar reaver o prejuízo provocado pelo esquema de corrupção em Vilhena: “O sequestro de bens deveria ficar nos limites daquilo que foi apurado como recebimento de propina. Só que ele pode subir um pouco mais, pelo que ainda poderemos descobrir, e pelo prejuízo que isso causou à municipalidade. Então, na data de hoje, todos os bens encontrados pela polícia e pelo MP do Estado foram sequestrados para futuro ressarcimento do poder público”.
O delegado também detalhou o funcionamento do esquema: “Basicamente, a prefeitura municipal de Vilhena não contrata ninguém e nem paga ninguém sem que se pagasse uma porcentagem de propina para o sujeito que estaria efetivando o serviço. Em especial, no caso de hoje, foram três núcleos: o da Secretaria de Obras, o da Secretaria de Comunicação e um terceiro, de empresa de prestação de serviços de informática”.
Flori avalia que o rombo provocado pela corrupção nos cofres municipais fique entre R$ 4 a R$ 5 milhões, mas não vê, ainda, conexão entre os crimes de agentes da prefeitura com os que também levaram vereadores à cadeia, acusados de extorquir empresários do setor imobiliário. “A investigação que deu causa ao caso dos loteamentos informaram, com provas, este outro episódio, que levou à prisão hoje, mas não são conexas entre si”.