Delação de Rover tem potencial para destruir carreiras políticas e levar empresários à cadeia
Uma possível delação premiada em negociação com procuradores da República e do Estado, pode abrir caminho para uma reedição da “Lava Jato” em Vilhena e em Rondônia. O prefeito afastado Zé Rover estaria sendo orientado a assinar o documento contendo informações explosivas, capaz de abalar os meios políticos e empresariais do Estado.
É a segunda tentativa do mandatário de se beneficiar de um instituto legal que garante redução de pena a quem dá detalhes de casos investigados. Na primeira reunião com procuradores, que aconteceu em Vilhena há poucos dias e durou quase quatro horas, Rover tentou se esquivar de denunciar aliados e a colaboração acabou “melada”. Mas ele saiu da reunião avisado: seria preso se continuasse tentando proteger políticos e empresários que praticavam corrupção em seu governo.
Segundo informações não oficiais, vendo que a casa iria cair, o prefeito passou a se reunir com técnicos e levou mais de uma semana rascunhando as acusações contra gente graúda. Em suas memórias, ele relacionou locais de pagamentos de propina, enumerou datas e apontou quem recebeu o dinheiro sujo. O material é tão explosivo que tem potencial para mudar o cenário político de Rondônia, pois envolve algumas das figuras mais poderosas do Estado.
Ao lançar mão da última cartada que lhe resta, o líder vilhenense, no entanto, corre risco de morte. Tanto que as próprias autoridades com as quais ele negocia estariam providenciando medidas para garantir a segurança dele e de sua família.
O FOLHA DO SUL ON LINE não teve acesso à proposta de delação de Rover, até porque o vazamento poderia torná-la sem valor legal. Mas, com base numa fonte técnica que acompanha a negociação, apurou que uma das propostas do delator inclui dois pedidos: devolver valores e passar anos em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica.
QUEM TÁ NO FOGO?
Nas dezenas de páginas que usou para descrever os crimes sob sua gestão, Rover nomeou senadores, ex-deputados e empresários. Um ministro importante também teria recebido propinas, pagas através de um lobista, para liberar recursos da União a serem usados em obras municipais. Apenas uma pequena parte dos valores desviados teriam ficado com o próprio Rover, o que ele garante poder provar através de documentos.
Em sua eventual colaboração, Rover também estaria disposto a confirmar o que já havia sido revelado pelo ex-secretário de Comunicação, Luís Serafim, um dos primeiros a serem presos por conta do desvio de vernas publicitárias. O prefeito estaria disposto a revelar os achaques que sofreu de veículos de imprensa e explicar como fazia para se livrar de matérias jornalísticas que o prejudicavam.
PF, MPF E MPE/RO
Instrumento decisivo para encontrar envolvidos em corrupção, porém muito complexo, as delações premiadas em Vilhena tem demonstrado a competência dos investigadores para negociar os acordos. Graças a essas revelações, que garantem redução de pena aos delatores, vários esquemas já foram implodidos e outros estão com os dias contados.
Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação