A partir desta terça-feira, 22, Porto Velho volta a ser a capital brasileira do cinema voltado ao meio ambiente. Programação inclui filmes, música, oficinas e circo.
Um grito de amor pela natureza. Desde 2003 esse grito tem sido ouvido, ecoado além das fronteiras amazônicas. E nesta terça-feira (22), pelo décimo quarto ano consecutivo, o Cineamazônia irá colocar mais uma vez Porto Velho, a capital rondoniense, no cenário do audiovisual brasileiro e latino-americano como o mais importante festival de cinema no Brasil diretamente ligado às questões
ambientais.
Não é pouca coisa. Quando, a partir das 19h, o Teatro Banzeiros abrir as portas para a 14ª edição, será mais uma vez o ponto culminante de uma programação que se estende durante o ano inteiro, com as mostras itinerantes que ultrapassam o território brasileiro e com as diversas oficinas ministradas durante esse tempo.
A edição 2016 vai até o dia 26 de novembro. Durante praticamente uma semana, como já se tornou comum dizer, Porto Velho irá respirar cinema. Mas não só. Também haverá poesia, música e atração circense, além de oficinas educativas sobre cinema.
A programação inicia com a exibição do longa-metragem ‘Rondon, o Desbravador’, uma ficção produzida em Mato-Grosso que conta a história do Marechal Cândido Rondon, um dos mais importantes nomes brasileiros quando se fala em colonização do país no século 20. O filme tem no elenco o ator Marcos Winter, mestre de cerimônias do Cineamazônia em 2016.
O filme é resultado de uma participação colaborativa entre Mato Grosso e Rio de Janeiro. A co-direção e produção contam com o cineasta cuiabano Rodrigo Piovesan, além do também diretor carioca Marcelo Santiago. Fruto de um trabalho construído em três etapas, o filme nasceu depois de vasta pesquisa. Antes de virar um longa de ficção, o resultado do trabalho da dupla originou um documentário, uma minissérie para televisão em cinco capítulos e, por fim, o longa-metragem.
Será um excelente cartão de visitas para o que reserva o festival durante quatro dias de exibição de filmes até culminar na noite de premiação, no dia 26. Se a edição 2016 da mostra não competitiva traz 26 filmes de todas as regiões brasileiras e um filme colombiano, na mostra competitiva há uma grande novidade. Os filmes que concorrerão ao Troféu Mapinguari na categoria longa-metragem serão todos documentários. Quatro foram selecionados.
‘Martírio’, de Vincent Carelli; ‘A Suplicação- Vozes de Chernobyl’, de Pol Cruchten; ‘Semente: A História Nunca Contada’, de Taggart Siegel e Jon Betz e ‘O Jabuti e a Anta’, dirigido por Eliza Capai, são quatro filmes que enfatizam a importância do cinema para a leitura da contemporaneidade e que se tornarão um desafio imenso para os jurados do festival.
Os jurados da edição 2016 são Sérgio Santeiro, Gustavo Ballesté, Gustavo Spolidoro, Chico Faganello e Juan Carlos Crespo. Com experiência em audiovisual, literatura e engajamento cultural, os cinco jurados serão responsáveis por definir quem merece levar os 13 troféus Mapinguari da edição 2016 do Cineamazônia. Documentário, ficção, animação e filme experimental são as categorias que podem concorrer ao troféu Mapinguari.
E se houvesse um troféu Mapinguari para quem mais fizesse a plateia rir, Luís Carlos Vasconcelos, com seu personagem, o palhaço Xuxu, seria um forte candidato a levar o prêmio. Xuxu e o espetáculo ‘Silêncio Total’ retornam a Porto Velho, integrando a mostra Cinema no Circo, que será exibida dia 23 de novembro, a partir das 20 horas. O bairro Ayrton Senna foi o local escolhido para receber a lona do circo cinematográfico nessa edição.
Ao longo de sua trajetória o Cineamazônia se notabilizou por abrir espaço para a diversidade. Isso é o que traz a mostra Cinema no Terreiro, por exemplo. Este ano serão exibidos dois filmes. Icandomblé é um documentário carioca de 16 minutos, dirigido por João Velho e que mostra a tensão entre tradição e inovação nas comunidades do candomblé brasileiro, em meio à crescente troca em âmbito global de saberes e ritos da religião dos orixás por sacerdotes de diferentes países.
Na mesma noite será exibido outro curta-metragem, ‘Òrun Àiyé – A Criação do Mundo’, de Jamile Coelho e Cintia Maria. O filme é uma animação baiana de 12 minutos e mostra a trajetória de Oxalá (Carlinhos Brown) em sua missão para criar o Mundo.
Ambos os filmes serão exibidos a partir das 20h do dia 25 de novembro, no Instituto Afrodescendente Azuntó, no bairro Nova Floresta, em Porto Velho, logo atrás do Hospital João Paulo.
Também diversa é a mesa que discutirá ‘poesia’ no Teatro Banzeiros, diz 25 de novembro. Na programação ‘É de poesia que o mundo precisa, o premiado poeta português José Luís Peixoto, o escritor e roteirista Paulo Lins, autor de ‘Cidade de Deus’ e ‘Cidade dos Homens’, o professor de cinema Sergio Santeiro e o intelectual indígena Ailton Krenak, irão se encontrar no dia 25 de novembro, a partir das 8h.
Em paralelo a toda essa programação ocorrerão ainda duas oficinas ‘Cinema na Escola: ver e fazer’ e ‘Cinema de uma pessoa só’, que apesar de terem formatos diferentes, apontam o mesmo caminho, o do acesso, da democratização e da plena iniciativa de contar suas próprias histórias a fazendo cinema. ‘Cinema na Escola: ver e fazer’ será realizada no Centro de Formação do Teatro Banzeiros, entre os dias 23, 24 e 25 de novembro, das 8h às 12h, ministrado pela fotógrafa, cineasta e educadora Bete Bullara. A oficina é primordialmente voltada a docentes, que terão uma oportunidade de saber como utilizar o cinema como material educativo.
A outra oficina, ‘Cinema de uma pessoa só’, é ministrada pelo cineasta Gustavo Spolidoro e será realizada no Centro de Formação do Teatro Banzeiros, também nos dias 23, 24 e 25, no horário de 08h às 12h O curso Cinema de Uma Pessoa Só é um desdobramento do trabalho de mestrado do cineasta e professor da PUC Gustavo Spolidoro e pretende abordar, de forma teórica (mas com intuito prático), os diversos cinemas de uma pessoa só ao longo da história.
Também marcando a tradição, o Cineamazônia irá homenagear uma personalidade que marca a cultura brasileira. O ator e diretor Milton Gonçalves será um dos homenageados da edição 2016 do Cineamazônia. Antes, homenageou o evento ao emprestar brilho e competência como a voz oficial da abertura da 14ª edição do festival. O outro homenageado é o pensador indígena Ailton Krenak, conhecido mundialmente por sua luta em prol dos direitos indígenas.
E para encerrar, o festival abre as portas e estende um tapete vermelho para o que de melhor a música instrumental brasileira possui. O baixista Arthur Maia fará o show de encerramento do festival, no dia 26 de novembro, às 20h, no Teatro Banzeiros. E como já é tradição, a entrada é gratuita.
Cineamazonia, 14a EDIÇÃO, tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual, Lei Rouanet. Apoio Cultural da Prefeitura de Porto Velho, Sejucel e Unir – Universidade Federal de Rondônia.