Por Luís Costa Pinto
No Almanaqueiras
No saguão do complexo penal de Bangu, em Gericinó (tinha nome mais suburbano não?) os dois ex-governadores do Rio, agora presidiários, cruzam os caminhos.
Sérgio Cabral Filho vai em direção ao pátio onde tomará banho de sol por uma hora.
Anthony Garotinho, com seu proverbial sorriso cínico no canto da boca, exibe um alvará e provoca, caminhando em direção à porta de saída:
– Essa é a nossa diferença. Estou indo para casa.
– Qual diferença?, pergunta Cabral, franzindo a testa e baixando os olhos em esgar, quase chorando.
– Coração, tenho um! Prisão domiciliar – anuncia, brandindo o alvará. – Vou para casa cuidar dele.
Fecham-se as portas de ferro. Garotinho segue para casa, cantarolando, sacudindo o pé direito como se desse pequenos chutes numa bola imaginária: testava o peso da tornozeleira.