Chorei o golpe, confesso.
Ainda choro quando vejo garantias constitucionais violadas, direitos subtraídos, o desmonte dos programas sociais que mudaram a imagem do país e a mentalidade do brasileiro.
Mas, nunca tive dúvidas do lugar reservado na história da política brasileira a Michel Temer, o conspirador que não usufruiu sequer de um minuto de glória desde que tomou o poder.
O perfil do inquilino do Palácio do Planalto foi resumido com perfeição pela presidenta Dilma Rousseff na entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor do 247, em Porto Alegre.
“O brasileiro médio está além dele. O brasileiro pequenininho está além dele. Ele como liderança está aquém do povo brasileiro.”
Quando Michel Temer repete que não se importa com a opinião pública, na verdade admite a incapacidade de mudar o destino de ser lembrado como “bicho da terra tão pequeno.”
Cai como uma luva ao conspirador a música Tão Pequeno do álbum Onqotô, de Caetano e José Miguel Wisnik.
“Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?”
Quando Attuch lembrou durante a entrevista que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso havia reconhecido a pequenez de Temer para liderar uma nação, Dilma acrescentou: “Ele só não lidera, ele não representa, ele não vê. No mais simples dos brasileiros, tem caminhos.”
O governo Temer completa seis meses e nem os que apoiaram o golpe demonstram qualquer sinal de confiança nas reformas em sentido oposto ao que foi pedido nas urnas.
À Via Crucis do presidente golpista, Dilma lançou o mau presságio: “Ninguém vai governar esse país falando só pro mercado e pro parlamento.”
E, citou Gramsci para fechar de modo irretocável o raciocínio: “As ambições ou são do tamanho do seu povo, ou você não está altura dela.”
O pequeno perante o povo, não encontra segurança no tabuleiro da política e cedo ou tarde, Temer será traído, sabotado e relegado ao museu dos conspiradores da nação brasileira.
Onde Dilma jamais pôs os pés.