Leia, pesquise e reflita. Não perde nada

Leia, pesquise e reflita. Não perde nada

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Por Pablo Vilaça

Eu APOSTO que 99% destes que celebram a morte de Fidel não fazem ideia de quem foi Fulgêncio Batista. Ou José Martí.

Que não sabem como era o mundo nas décadas de 50-70, qual era a realidade cubana pré-revolução ou como era a política internacional essencialmente unilateral dos EUA.

Não, Fidel não era um santo. Não era uma figura que eu poderia louvar sem acrescentar VÁRIOS asteriscos.

Porém, Fidel demonstrou que o Ocidente não precisava ser um empregado mal remunerado dos EUA – uma lição que em 2016 muitos aqui ainda não aprenderam. Não é à toa que os EUA tentaram matá-lo tantas vezes: ele era a representação viva de que não precisamos nos curvar perante a “maior nação do planeta”, aquela que “God blesses”.

Mas não estou aqui pra tentar convencer ninguém; em vez disso, convido que façam o que fiz há tantos anos: leiam sobre a revolução cubana. Leiam sobre como Fidel se esforçou para combater o colonialismo na África. Como ajudou a Argélia na luta contra a França. Leiam sobre como combateu o avanço do Apartheid na África num período em que os EUA apoiavam a África do Sul e o pavoroso Mobutu no Zaire (agora Congo).

Se quer enxergar Fidel como um monstro e ponto final, pergunte-se por que o NEW YORK TIMES o chamou de “revolucionário que desafiou os EUA”. Pergunte-se por que o Papa Francisco lamentou sua morte. Por que Mandela era seu amigo e admirador.

Tente ir além do que lê/ouve na Globo.

E, sim, Fidel, em vários aspectos, seguiu o “ou você morre um herói ou vive o bastante pra se ver transformar em vilão”. Mas em outros aspectos, seguiu heroico.

Em poucas palavras: desconfie de quem resumir Fidel a um “ditador”. E pesquise sobre. Um exemplo: “Fidel mergulhou Cuba na miséria!” Pois bem: compare como viviam os pobres sob Batista e depois sob Fidel. Pergunte-se por que não há crianças desabrigadas em Cuba. Por que seu índice de analfabetismo é dos menores do mundo. Por que seu sistema de saúde é tão avançado a ponto de permitir a exportação de médicos.

E não se esqueça: Cuba é uma ilha do tamanho de um alfinete que os EUA submeteram a um dos mais longos e intensos embargos da História. É fácil você – como fez o congresso aqui em 2015 – barrar todas as iniciativas de um governo e depois dizer que ele “fracassou”. Mas é correto? (E aos que dizem que exemplo de democracia são os EUA, ofereço apenas um dado: Hillary já está mais de 2 milhões de votos à frente de Trump.)

Enfim. Não escutem Globo ou os neo-fascistas brasileiros.

Mas também não me escutem. Pesquisem. Leiam. Formem suas próprias impressões.

Você pode perfeitamente condenar a censura política em Cuba e ainda assim reconhecer os méritos da revolução cubana e sua importância.

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