A resposta de Temer à crise política: agradar os patrocinadores do golpe

A resposta de Temer à crise política: agradar os patrocinadores do golpe

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Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

A democracia representativa, nos moldes atuais, é um sistema que afasta a população da política naturalmente.

As pessoas votam de dois em dois anos e depois são alijadas das decisões que seus representantes engravatados tomam.

A pregação antipolítica do oligopólio midiático e a falta de mecanismos legais e práticos para que os cidadãos acompanhem mais de perto e influenciem o trabalho dos eleitos só fazem agravar o problema.

Mas o golpe que derrubou o governo eleito em 2014 levou este déficit democrático a um patamar inacreditável.

‘Temer faz ofensiva por reformas para reverter desgaste na política’ é o título de uma matéria da Folha.

Depois de ser pego pressionando um ministro a atender os interesses pessoais de outro ministro (‘a política tem dessas coisas, esse tipo de pressão’, disse Temer a Calero), em uma atitude digna de prefeito corrupto de uma cidade provinciana qualquer, a solução de Temer para que a mídia esqueça isso é acelerar algumas reformas.

Quais reformas?

Congelamento dos investimentos públicos, reforma da previdência social, privatização de aeroportos e o fim da obrigatoriedade de a Petrobras ser a operadora única dos campos do pré-sal (a Folha informa, candidamente, que esta última é uma medida reivindicada pelas petroleiras estrangeiras para aumentar negócios no Brasil).

Todas essas reformas são de interesse dos maiores patrocinadores do golpe, que são os barões da mídia e os grandes empresários.

Repare na sequência de fatos: explode mais um grave escândalo no governo Temer; a mídia conservadora dá destaque; para que o assunto seja esquecido, Temer resolve acelerar os projetos de interesse da mídia e dos donos do dinheiro.

O povo passa completamente ao largo de tudo isso. Não é sequer mencionado por ninguém.

E também não é a fonte de legitimidade do governo, por razões óbvias.

Justamente por não dever satisfações a seus eleitores – Temer foi eleito para ser vice de Dilma – o presidente decorativo é um fantoche dos que o colocaram no poder.

Para abafar as crises, só resta a Temer ceder cada vez mais aos interesses dos financiadores do golpe.

Para completar o quadro grotesco, o ‘conquistador da dona Marcela’ solta esta pérola, em discurso para empresários e investidores, ontem:

Mas é interessante que, de vez em quando, há uma certa instabilidade institucional com um fato ou outro. Como não temos instituições muito sólidas, qualquer fatozinho, me permitam a expressão, abala as instituições.
O presidente da república pressionar um ministro a usar suas atribuições para atender interesses particulares de outro ministro não é um ‘fatozinho’, definitivamente, mas de qualquer forma fica a pergunta: por que será que ‘não temos instituições muito sólidas’, sr. vice conspirador e articulador de um golpe de Estado em pleno 2016?

A bandalheira, a pusilanimidade e a cara de pau não têm limites no governo Temer.

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