A comparação entre os prefeitos tucanos, Hildon Chaves, de Porto Velho e João Dória, de São Paulo, foi feita pela revista Veja em edição de 13 de outubro de 2016.
“Candidato rico, empresário e com perfil distante da tradicional política”, apontou a revista sobre Chaves.
“Nós somos muito parecidos. Nunca conversei com ele, acompanho a sua carreira à distância, mas somos parecidos”, afirmou à Veja.
Não é bem assim, mas o novo prefeito da capital de Rondônia gostou tanto que publicou a notícia na sua página no facebook e os correligionários empestaram as redes sociais com o link da matéria na reta final do segundo turno.
Hildon é de fato rico, só que por mais de duas décadas foi promotor, atividade inconciliável com a administração privada, portanto quem cuidava das empresas era a esposa e foi o que disse em entrevistas.
Ao invés de manter-se distante de políticos tradicionais, se associou a esposa do presidente do partido no estado, Expedito Júnior, cassado por compra de votos, numa empresa no Rio de Janeiro que disse nunca ter saído do papel.
Bom, mas a comparação entre os dois ajudou a alavancar ainda mais sua campanha e ao que parece, Hildon vai insistir em parecer com Dória.
No discurso de posse, prometeu doar seus salários de prefeito à entidades beneficentes.
Exatamente o que Dória fez em campanha quando anunciou na Rádio Bandeirantes que abriria mão do equivalente a mais de um R$ 1 milhão.
“Tenho dinheiro suficiente para viver o resto da minha vida sem trabalhar.”
Na ânsia de obter sucesso com demagogia, como Trump e tantos outros que caíram na graça de eleitores desiludidos e emburrecidos, Dória cometeu uma gafe inesquecível.
Disse que ia doar o primeiro salário para as “crianças defeituosas” da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).
O político que adota como isca o discurso demagógico vive sujeito a morder a língua.
Ao gesto que pode parecer sincero aos mais ingênuos, impõe desconfiança.
Estivessem sendo sinceros os prefeitos de Porto Velho e São Paulo, simplesmente doariam os salários sem fazer propaganda.
Terminado o mandato, aí sim, era só dar um jeito de chegar à imprensa a doação ao interesse social.
Parece óbvio né?
Mas,não neste tempo em que a demagogia venceu a democracia.
Com o maniqueísmo político em alta, a boa ação virou arma de marketing poderosa.
Para que uns pareçam bons e outros maus, é só excluir o advérbio ‘não’ do versículo bíblico: quando deres uma esmola ou ajuda, deixes tua mão esquerda saber o que faz a direita.