— Que briga é aquela que tem acolá?…

— Que briga é aquela que tem acolá?…

briga

Do lado da rua, do concreto, do asfalto, dos cabarés e arranca-rabos, reinou o Rei do Ritmo. Pois é: Zé Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro. Do couro e dos guizos do seu instrumento vimos a professorinha Dona Filomena soletrando o Bê-a-bá, valentões acabadores de forrós amolando suas facas, gafieiras intermináveis pelos subúrbios do Rio de Janeiro, mulheres que trocaram de sexo numa viagem feita a Hollywood. O coração de Jackson pulsava saltitante e inebriava nossos tornozelos.

No Almanaqueiras

O zabumbeiro desprevenido atravessava o rojão se não entendesse sua sincopagem. Dizia que todos os ritmos provinham do coco, inclusive o rock’n’roll. Jackson desafiou Tio Sam, traduziu o linguajar da saparia na Lagoa do Paó (às margens de onde nasceu), ofereceu tutano e xarope de amendoim pra quem andava caindo do banco. Teve até coragem de peitar Gonzagão, dizendo que seu baião, na verdade, era coco. Foi-se embora, encantado e jovem. Parece que ouço sua pergunta mais que atual: — Que briga é aquela que tem acolá?…

Aderaldo Luciano

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