A polêmica que revelou ao Brasil a estupidez do prefeito e vereadores do pequeno município de Ariquemes, no interior de Rondônia, não para.
Eles decidiram rasgar as páginas de livros do Ministério da Educação que tratam questões de gênero e diversidade familiar para autorizar o uso na rede pública de ensino.
“O Ministério Público de Rondônia concedeu prazo até 27 de janeiro (sexta-feira) para que o Prefeito de Ariquemes, Thiago Flores, se manifeste sobre a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que se comprometa a não retirar de livros didáticos, a serem utilizados na rede municipal de ensino, páginas que tratem de diversidade familiar e ideologia de gênero.”
Como não podem destruir o bem produzido com dinheiro público e pela flagrante ameaça ao “fundamento constitucional da promoção da igualdade e da sociedade livre de qualquer preconceito”, eles criaram um plano B.
E quem divulgou foi o vereador tucano, Amalec da Costa, em sua página no Facebook.
Isso mesmo, o vereador que demonstrou na publicação mal saber escrever, quer junto aos colegas do parlamento e a comunidade empresarial, bancar a compra de outros livros para distribuir às crianças.
Em discussão semelhante, o MEC declarou que “O PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) 2016 distribuiu 128.588.730 obras a 121.574 escolas públicas brasileiras. Os títulos são definidos em um processo de seleção público, feito por especialistas de universidades brasileiras, sem dirigismo político e ideológico”.
Mas, os fanáticos religiosos que se lançaram à intifada moralista ignoraram o MP e o repúdio da Ordem dos Advogados do Brasil, por meio de nota da Comissão Especial da Diversidade Sexual e de Gênero do Conselho Federal.
“A conduta é extremamente ofensiva à dignidade humana, a igualdade, a liberdade, ao pluralismo e ao respeito à vida privada e familiar das famílias e seus filhos. Esta postura afronta diversos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil junto ao Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos. Aliás, nem é preciso lembrar que a ONU considera os Direitos LGBTI como Direitos Humanos.”
Os vereadores ameaçam comprar livros de outra editora, ou seja, sem competência e inequívoca incapacidade, vão analisar, aprovar e distribuir o que acharem conveniente.
Na publicação, o vereador diz que esta é a proposta dele e dos colegas, Joel da Yamaha, Natan Lima, Pedro Basílio Júnior, José Augusto e do prefeito Thiago Flores.
Em 2015, Amalec foi um dos 13 vereadores denunciados pelo ex-prefeito Ernandes Amorim (PTB) por omissão e prevaricação diante dos “fortes indícios de corrupção no processo licitatório e execução da Obra da Unidade de Pronto Atendimento (UPA-Ariquemes)”.
E agora eleito vereador, Ernandes Amorim denunciou compra de votos para eleger a Mesa Diretora da Câmara ao biênio 2017/2018, que tem como vice-presidente – o Joel da Yamaha (DEM) e Amalec como 1° secretário.
R$ 50 mil para cada um, afirmou Amorim, que diz ter feito de tudo “para acabar com esta falta de vergonha, mas venceu o esquema.”
O próprio Amorim não é flor que se cheire. Já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por prática de trabalho escravo e improbidade administrativa.
Os porta-vozes das famílias ‘tradicionais’ dizem que a maioria da população apoia a proibição dos livros do MEC.
Essa maioria deveria se perguntar por que confiam a educação de seus filhos a ‘nobres’ edis que denunciam uns aos outros.