O abraço tardio entre Lula e FHC
No 247
Por Leonardo Attuch
Mais do que um gesto de solidariedade, a visita do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Hospital Sírio-Libanês tem também potencial para se transformar num fato político. Quem sabe, no ponto de virada para conter o maior processo de destruição a que uma nação já foi submetida.
Nos últimos dois anos, praticamente todas as construtoras brasileiras quebraram, cinco milhões de brasileiros perderam seus empregos, a economia encolheu 10% e o colapso do setor privado já atinge o setor financeiro. Tudo isso aconteceu porque parte da oligarquia política brasileira enxergou na Operação Lava Jato a oportunidade perfeita para destruir o Partido dos Trabalhadores e seu maior líder, o ex-presidente Lula, com alguns danos colaterais aqui e acolá.
Para se atingir esse objetivo, não se mediram esforços nem se avaliaram as consequências. O Brasil viveu nos últimos dois anos um retrocesso econômico semelhante ao de países que sofrem guerras e bombardeios. Mas os ataques não vieram de fora, ainda que possam ter favorecido eventuais interesses internacionais. Foi um processo de autodestruição.
Os que promoveram o desastre imaginavam um outro desfecho: a eventual extinção do PT, coroada com a prisão do ex-presidente Lula. Sabe-se agora, no entanto, que praticamente todo o sistema político brasileiro foi sequestrado pelos esquemas das empreiteiras – em especial, a Odebrecht. Portanto, se antes era possível imaginar uma eventual destruição localizada, esse cenário se tornou impossível. As 77 delações da Odebrecht não deixarão pedra sobre pedra.
Antes dessa histeria coletiva, que semeou o ódio entre os brasileiros, FHC e Lula construíram os pilares de uma Nação que se tornava admirada no mundo. O primeiro com a estabilidade econômica e o segundo com o maior processo de inclusão social e distribuição de renda da história do País. A competição política entre os dois, no entanto, colocou tudo a perder.
O Brasil, que antes era uma esperança para o mundo civilizado, hoje é motivo de espanto e perplexidade, ao flertar com o fascismo. Lula e FHC têm uma responsabilidade histórica no momento atual. E tomara que o legado de Marisa Letícia seja um pacto pela democracia no Brasil. Sem isso, só nos restará o abismo.