Só um vereador, Aleks Palitot (PTB), disse não à extinção do direito ao quinquênio, adicional por tempo de serviço a que tinham direito cerca 13 mil servidores municipais a cada cinco anos de trabalho, em sessão extraordinária no último dia 8.
O restante tenta justificar nas redes sociais ou por meio de nota à imprensa o voto favorável ou ausência na votação, inutilmente, para acalmar os ânimos dos eleitores que não imaginaram que o prefeito tomaria essa medida e muito menos com o apoio maciço da câmara.
As desculpas esfarrapadas dos vereadores que apoiaram o corte do direito revoltam ainda mais os servidores.
Alguns não têm vergonha alguma em admitir que votaram sem ler com atenção o projeto que revogou o inciso IV, do artigo 70 e os artigos 77,78,79 e 80, da lei complementar nº 385, que pôs fim ao adicional de 10%.
Da Silva, do PSB, disse que achou que “o que estava sendo votado era algo que já havia sido pautado e não o quinquênio, que foi embutido com intenção de passar despercebido.”
Cristiane Lopes (PP) gravou um vídeo para denunciar o que chamou de “manobra” da equipe técnica da prefeitura, o projeto de lei que chegou “de repente”, em sessão extraordinária, com um projeto gigantesco, sem que tivesse sido comunicada sobre a inclusão do fim dos quinquênios. Foi pega de surpresa, disse.
Ambos pedem a anulação da sessão em que votaram sim, sem perceber do que se tratava.
Não viram ou não entenderam que da gestão de Hildon Chaves pra frente, não existe mais direito à quinquênios.
Joelna Holder (PMDB) foi cobrada em sua página no facebook e se restringiu a dizer que: “Não votei CONTRA OS SERVIDORES. Votei A FAVOR de um projeto que contempla TODA POPULAÇÃO portovelhense”.
A pergunta que não quer calar: Só por ser extraordinária a sessão, que trata de reformas estruturais, não deveriam olhar minuciosamente o projeto? Para a população, os vereadores têm dificuldade de compreensão, preguiça de ler ou realmente acham que podem votar tudo de ruim que o executivo envia à votação e depois ‘enrolar’ os eleitores.
O prefeito chamou de bomba-relógio a despesa com o adicional e justifica sua extinção com a perspectiva de economizar 100 milhões de reais nos próximos quatro anos, negando o benefício aos atuais e futuros servidores municipais.
Só que ele corta o direito do servidores ao mesmo tempo em que eleva cargos comissionados e cria superintendências por meio de uma reforma administrativa, a segunda em pouco mais de 1 mês.
Na primeira, a maioria votou pela manutenção da GPE – a famosa Gratificação de Produtividade Especial – só para 900 servidores e quando os demais reclamaram o direito, alguns vereadores chamaram de ‘pegadinha’ embutida num projeto que também não leram direito.
Ora, parem que está cada vez mais feio.
E, evidente que ‘confiam’ demais no que o prefeito encaminha à câmara para votar às cegas.
Os vereadores têm assessoria paga com dinheiro público e deles é cobrada instrução mínima pra assumir o cargo. Não há desculpa que justifique votar sim tendo a obrigação de votar não, sobretudo pela pressa com que são encaminhados os projetos do executivo.
Quem não entendeu? Pergunta.
Quem não se convenceu, não vota.
Simples assim.
Não pensem que vão ficar bem com o prefeito e eleitores sempre que forem favoráveis a projetos que dependem de transparência e discussão.
O presidente da câmara, que nunca foi político, jovem e inexperiente, é da cozinha do prefeito. Pra mim, marioenete nas mãos de grupos que só conhecem uma forma de fazer política, às escuras. Tudo que chegar extraordinariamente à votação, os nobres edis têm obrigação de ler e reler várias vezes.
Ou vão pagar com traição a quem lhes deu voto?
Não há nada pior para uma cidade que um governo sem oposição e ainda por cima, porque muitos vereadores alegam votar sem ler direito.
E que os eleitores frustrados tão rapidamente com suas escolhas no executivo e legislativo, não se façam de cegos, surdos e mudos nos próximos 1400 dias que temos pela frente.