“Tudo muito amplo, bonito. Mas senti uma coisa estranha lá. Eu não conseguia dormir, desde a primeira noite. A energia não era boa. A Marcela sentiu a mesma coisa”, disse Temer, ao justificar sua mudança da residência oficial dos presidentes eleitos.
Vai voltar pro Jaburu, onde moram os vices.
O Palácio da Alvorada foi projetado por Oscar Niemeyer e uma das mais belas características é o espelho d´água que “reflete a imagem da edificação, criando um espaço virtual infinito”.
Mas, o que Temer vê quando olha para a água cristalina é um imenso espectro, sombra negra, nefasta, que nada mais é que o reflexo de si mesmo.
Tomou posse com um golpe achando que no Alvorada sentiria algum tipo de energia boa, mas como bem descreveu Augusto dos Anjos, habitou “Como um fantasma que se refugia na solidão da natureza morta.”
O vidro na fachada do prédio também é apavorante, pois cada vez que se vê refletido ao passar, enxerga visagens.
Florbela Espanca tem um poema que resume a agonia de Temer.
Anda um triste fantasma atrás de mim
Segue-me os passos sempre! Aonde eu for,
Lá vai comigo…E é sempre, sempre assim
Como um fiel cão seguindo o seu Senhor!
Anda um triste fantasma atrás de mim
Segue-me os passos sempre! Aonde eu for,
Lá vai comigo…E é sempre, sempre assim
Como um fiel cão seguindo o seu Senhor!
Tem o verde dos sonhos transcendentes,
A ternura bem roxa das verbenas,
A ironia purpúrea dos poentes,
E tem também a cor das minhas penas!
Ri sempre quando eu choro, e se me deito,
Lá vai ele deitar-se ao pé do leito,
Embora eu lhe suplique:Faz-me a graça
De me deixares uma hora ser feliz!
Deixa-me em paz!…” Mas ele, sempre diz:
“Não te posso deixar, sou a Desgraça!”
Se renunciar, fizer as pazes com a sua consciência, dizem que os ‘fantasmas’ nunca mais aparecem.
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