Fernando Brito
No Tijolaço
É duro, além do pacote de maldades da reforma da Previdência, ter de aguentar os argumentos dos governistas, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dizer que a igualdade de idade para homens e mulheres se aposentarem “atende aos pleitos feministas”.
Só de cabeça de um escravagista moderno, porque outro nome não merece quem quer a abolição até da Justiça do Trabalho, pode passar que serem obrigada a trabalhar pelo menos DEZ anos (porque a idade mínima está subindo em cinco anos para os homens e, com a eliminação da diferença, o aumento será de uma década) pode ser reivindicação feminista, a não ser daquelas que tenham ótima situação econômica e péssima capacidade de solidarizar-se com a imensa maioria das mulheres, que se sacrificam, na prática, ainda mais que um homem.
Porque a realidade, atestada pelos insuspeitos números do IBGE, é que as mulheres trabalham cinco horas a mais que eles por semana, e dedicam o dobro às tarefas domésticas. Some-se a isso o fato de ganharem menos, de sofrerem mais com o desemprego e terem, como é muito frequente, de deixar o emprego formal na primeira fase da infância dos filhos.
É este, portanto, o tamanho da agressão que fazem às mulheres brasileiras.
É uma experiência que qualquer homem com consciência percebe, embora nos comentários dos jornais, os mais machistas estejam comemorando na base de que é “um castigo merecido” para o desejo de igualdade das mulheres.
Embora seja enojante ver homens públicos, que deveriam ser esclarecidos e preocupados com o bem-estar da população agirem assim, nada a estranhar que isso venha de um governo que é misógino e que a mulher serve para ver preços e fazer compras nos mercados. Ou, no caso das que lhes são próximas, nas boutiques.