Um relato sobre Matias Ziatriko, uruguaio cruelmente assassinado em Rondônia.
Era 07h horas da manhã e ele estava contente. Conversando sobre política e outras questões da vida nas ruas num posto de gasolina na região norte do Brasil, Matias acabou irritando um jovem, que estava passando de carro no local. A discussão terminou com 10 tiros a queima roupa e o assassinato intolerante e xenofóbico do uruguaio, que viajava trabalhando com a arte circense pelo Brasil e pela América Latina.
A artista Samira Lemes, que têm ajudado a família a conseguir os recursos para levar Matias ao Uruguai, conta que ele era um jovem de muita paz e serenidade, e servirá de inspiração para muitos. “Ele semeava amor. E temos que mostrar que esses artistas de rua são os anjos do mundo. São os ‘busca vidas’. Se doam para mudar essa realidade do mundo.”
Filho de família humilde, ele perdeu a vida aos 29 anos em Ji-Paraná, enquanto falava sobre ser artista de rua, profissão da qual conheceu já adulto, após ter trabalhado em muitas outras e ter descoberto e aperfeiçoado seu dom ao longo dos últimos 10 anos. Neste momento, eles tentam o traslado de seu corpo e toda ajuda é bem vinda. Samira têm feito esforços para que seja possível enterrá-lo em seu lar e contribuições podem ser feitas através da conta dela no Banco Itaú (Agência 1538 / Conta Corrente: 56996-1) .
Porém, este texto não é sobre o ódio e a intolerância crescente, e sim um tributo de força às artes. As palavras derramadas aqui são para combater o esquecimento. Para que a memória de Matias se espalhe pelos quatro cantos do país e seja lembrada, para que a história nunca mais se repita. Hoje somos circo, somos povo, América Latina, e é o nosso sangue que escorre pelas ruas de Ji-Paraná.
Que a arte vença o ódio!
Por: AGATHA AZEVEDO