No 247
Alex Solnik
Ontem vi uma das cenas mais repugnantes protagonizada por um político.
Ou aprendiz de político.
Uma moça muito educada, ciclista, aproximou-se da janela do carro onde estava o prefeito João Dória e estendeu-lhe um maço de flores amarelas, acrescentando, sem levantar a voz:
– Essas flores são em homenagem às vítimas das Marginais.
Mortes subiram depois de Dória aumentar a velocidade das pistas.
Ele se recusou a recebê-las. A ciclista, então, as depositou no painel do carro.
O prefeito, num gesto abrupto pegou-as e as jogou pela janela, visivelmente irritado.
Conseguiu, com isso, revelar a personalidade autoritária de quem não tem a menor disposição para o diálogo, muito menos bom humor e muito menos ainda respeito aos cidadãos.
O prefeito e a prefeitura são subsidiados pela ciclista e não o contrário. Somente gestores com espírito de ditadores não se lembram disso.
Além disso, jogou as flores na rua, o que jamais se esperaria de alguém que já se vestiu de gari e vende ao mundo o seu programa Cidade Linda.
Vi muitos comentários de seus admiradores que, incrédulos, atribuíam a cena a uma suposta montagem. Mas não era. Toda a sequência foi registrada em vídeo que circula no youtube.
Pela primeira vez Dória, que se apresentou na campanha como “médico”, mostrou em público seu lado “monstro”.