Por Bajonas Teixeira
Por que Fachin não pediu a prisão de Aécio Neves, se as acusações contra ele são mais graves que aquelas contra Delcídio do Amaral? Ambos foram apanhados através de denúncias apoiadas em gravações, mas o caso de Aécio contou com diversos agravantes: o de ter recolhido R$ 2 milhões em dinheiro, o de ter insinuado ameaças de morte e, ainda, o fato de ter feito tudo isso depois de abertas cinco investigações contra ele pela PF na chamada “lista de Fachin”. Mas, apesar das provas contra Aécio serem muito mais robustas que aquelas contra Delcídio, ele continua quase tão livre como um passarinho. Será porque seu partido não é o PT mas, sim, o PSDB? Muitas interrogações ficam no ar.
A primeira é justamente essa: se há um tratamento preferencial para membros do PSDB, diferente daquele dado aos políticos do PT. Afinal, até ontem, Aécio Neves transitava por aí na maior normalidade, e praticamente se havia esquecido que ele era o feliz proprietário de cinco inquéritos abertos pela PF.
E, afinal, por que Fachin não determinou a prisão de Aécio Neves, se a situação dele é ainda mais grave que aquela que levou à prisão de Delcídio do Amaral? De fato, Delcídio foi preso sem um tostão no bolso, enquanto Aécio escondeu uma mala de R$ 2 milhões de notas marcadas. Como pode? Até que se prove o contrário, a única diferença marcante entre os dois é quem um pertence ao PSDB e, o outro, ao PT.
E em relação aos colaboradores mais próximos e chegados? Se prenderam a irmã, seu braço direito e operadora em todas as frentes, por que não engaiolaram também Mineirinho, se é ele o mentor e o chefe do esquema todo?
E, na mesma linha, com tantas provas disponíveis, por que não se encaminhou também para o Senado a necessidade de decidir sobre a prisão de Zezé Perrella, o senador do helicóptero com meia tonelada de cocaína? Por que se quer se pediu, como no caso de Aécio, seu afastamento das funções de senador?
Por que a PF demorou tanto a realizar buscas e apreensões nos imóveis de Aécio, ao ponto de se ter perdido qualquer fator surpresa? Como pudemos chegar ao ponto de Aécio, ao entregar o celular, avisar ao policial que o recebeu: “Olha, esse celular é novo, eu nem usei”? Ou seja, o “celular velho”, provavelmente o que ele vinha usando até ontem, pode ter sido descartado.
Não é estranho que todo o país tenha ficado sabendo do caso através de um “furo de reportagem” do blog do Lauro Jardim, da Globo? Se o procurador afastado, Ângelo Goulart Villela, pertencia ao núcleo da Lava Jato, e vendia informações, não pode ser que outros, procuradores ou não, tenham vendido as informações sobre a delação da JBS? E se isso aconteceu, outros indivíduos no interior da Lava Jato não podem ter vendido também outras denúncias e informações privilegiadas para empreiteiras e para a mídia? E as centenas de “vazamentos” dois últimos dois anos, quem as vendeu?
Por que essas questões não foram colocadas pela Justiça? Seria para proteger a imagem da Lava Jato e evitar uma dúvida muito incômoda: a de que a operação possa estar infectada pelo próprio mal que é chamada a combater, a corrupção?
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