Do facebook de Raphael Benvilaqua
Procurador da República
Um administrador de uma cidade mandando derrubar um prédio com gente dentro é algo que eu custava acreditar ser possível no século XXI, ainda mais essa cidade sendo São Paulo, a mais cosmopolita do país.
O que mais me entristece nisso tudo é a horda de bárbaros medievais aplaudindo. Classificam pessoas que entraram em contato com uma substância qualquer como criminosos, retiram-lhe todos os direitos, inclusive o direito à vida.
Esses mesmos bravos defensores da moral e dos bons costumes irão, hoje a noite, consumir alcool, tabaco, MD, cocaína ou outra substância qualquer num boteco ou nos “rooftops” paulistanos celebrando sua “vitória”.
Eles não querem a repressão às drogas, como parece óbvio, querem a eliminação da pobreza, da poluição visual aos seus sensíveis olhos, querem especular com imóveis, ganham dinheiro a custa de sangue. Elegeram o craque como símbolo dessa luta.
Os pobres não merecem nem o subproduto dos sintéticos que nossa sociedade consome, não podem fugir de uma realidade ainda pior, eles têm que ser dizimados, obliterados, “varridos”. Sua existência é opressiva da consciência e as vezes grita pela vida com violência.
Parafraseando Galeano, valem menos do que a pedra que fumam, a parede que os soterra e a bala que os mata.