Há pouco mais de um ano Michel Temer assumia de forma ilegítima a presidência da república, tendo como prioridade a pacificação pra garantir tranquilidade e crescimento ao país. Entrou e sairá pela porta dos fundos deixando o país de pernas pro ar e a sociedade ainda mais em atrito.
A prova do fracasso de Temer como bombeiro foi o comando que deu para inibir o protesto que acabou em violência e depredação do patrimônio público na capital federal. O ilegítimo jogou gasolina na fogueira em que arde desde que foi flagrado autorizando a compra de silêncio do deputado Eduardo Cunha pela bagatela de 500 mil reais semanais.
Temer desenterrou um recurso extremo utilizado no golpe militar de 64 não para garantir a ordem pública, mas o próprio sossego, rompido por 12 pedidos de impeachment.
A convocação das Forças Armadas para garantir segurança na esplanada dos ministérios foi tão estapafúrdia que não durou 24 horas. O presidente mais impopular da história voltou atrás, mas não pode apagar o ato que colocou sua nuca à mira do golpe de misericórdia.
O fim da agonia de Temer encerra um ciclo de sofrimento de milhões de brasileiros. O Brasil não esteve tão desmoralizado desde a redemocratização como agora, estagnado por uma monumental crise econômica e política pós-golpe.
Mas, há uma parcela da população que agora diz querer todos os corruptos na cadeia, que protege o covarde, corrupto e inequivocamente ilegítimo comandante da nação em frangalhos.
É uma parcela de hipócritas inúteis que se incomoda mais com depredação resultante de confrontos entre manifestantes e a polícia repressiva, do que com a destruição de direitos e da imagem do país.
É uma gente que sonha com o Brasil no primeiro mundo, mas condena luta social intensa como vimos ocorrer recentemente nos EUA e na França.
O maior prejuízo do golpe a democracia foi a destruição de consciências com a relativização de valores éticos e morais. O que causava histeria contra os governos de esquerda, não passa de um entulho de indiferença.
A presidente eleita foi deposta por manobras no orçamento que seus antecessores praticaram, graças a compra de votos de parlamentares investigados por corrupção.
O golpista que a sucedeu se sustenta no cargo com acusações de obstrução de justiça, corrupção e organização criminosa.
Por que, afinal, quem pede Fora Todos, não pede Fora Temer?
Talvez, porque esteja evidente que a hipocrisia unifica essa parcela de covardes mais preocupados com estilhaços de janelas que de direitos.
A mesma parcela que desprezou a soberania do voto apoiando um golpe travestido de impeachment, agora embarca no golpe das eleições indiretas.
A esquerda mais uma vez se une em torno de ideias. É a cor do sangue que novamente é derramado nas ruas que se destaca na luta pelos direitos de todos. Não haverá arrego, sossego pra Temer.
É por eleições diretas e pra impedir a votação de reformas que retribuem o apoio do mercado ao golpe sacrificando a justiça social, que tem gente perdendo a mão em protesto.
Os que não aderem às mobilizações para expulsar Temer e seus comparsas corruptos do poder, alegam que a resistência favorece possível candidatura do ex-presidente Lula.
Deixam claro, portanto, a ausência de racionalidade e desprezo à democracia.
Um Congresso Nacional com mais de 200 investigados por corrupção pode escolher o novo presidente? Os covardes e hipócritas repetem a lógica de Temer com o empresário corrupto: “Tem que manter isso. Tá ótimo, tá ótimo.”
Fosse só covardia, não seria tão trágico.
Diferentemente dos corajosos, que experimentam a morte uma só vez, “os covardes morrem várias vezes antes da sua morte”, segundo a lógica shakespeariana.
Ao que parece, esse povo do movimento virtual Fora Todos não cansa de morrer.