Rondonia Dinâmica, por Vinícius Canova
Porto Velho, RO – Continua a saga dos agentes da devassidão contra as eleições diretas. Mas o grande problema não está relacionado aos putrefatos que veem na escolha indireta a maneira mais eficaz de promover blindagem a si e seus semelhantes em termos de avacalhação institucional.
O maior obstáculo é impetrado pela horda formada por membros autoproclamados ‘cidadãos de bem’ que, ignorando a advocacia gratuita patrocinada aos piores e mais inescrupulosos políticos do Brasil, passou a defender o indefensável sob pretexto de proteger a Constituição Federal.
– Eleições diretas não existem, é golpe contra a Carta Magna! – bradam os incautos enquanto salvaguardam paralelamente inúmeros desonestos de gravata em pleno exercício de mandato e poder.
Dizer que voto direto é golpe numa ainda frágil – mas extremamente necessária – democracia erigida a duras penas salta aos olhos como o argumento mais impudico que alguém poderia utilizar.
Chega a soar obscena tacanha tentativa dessa ala atabalhoada da sociedade em se postar como alicerce popular legalista de uma Constituição que, convém relembrar, admite emendas a seu texto, inclusive às cláusulas pétreas. Tratar o direito de escolha como rasteira, uma puxada de tapete manobrada pressupondo amparo moral à Carta Magna é agir com leviandade.
Não vi, por exemplo, sequer um servidor do ex-Território transposto através de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aos quadros da União a choramingar pela alteração constitucional que o beneficiou financeiramente. Não vi nem servidor e muito menos familiares a bradar contra essa modificação, especificamente.
Se você é contra Diretas Já ao menos seja coerente, verdadeiro e responsável: admita, no mínimo, não ter coragem de enfrentar uma eleição nas urnas, à base do voto. Confesse, publicamente, que o intento é aguardar a possível prisão do ex-presidente Lula (PT) para que, só a partir daí, escolher a dedo o maior representante do País seja algo válido e necessário. Aproveite e, na mesma confissão, exponha ao mundo todo que, para chegar a este fim, vale até mesmo a pena escudar incalculável número de corruptos. Indecentes, gatunos e trapaceiros que permeiam tanto o Congresso Nacional quanto o Palácio do Planalto aproveitam a sua condescendência para lhe usar de maneira conveniente.
Por fim, pare de dizer por aí, de uma vez por todas, que é contra todos os bandidos enquanto da maneira mais constrangedora possível defende escancaradamente espuriedades deflagradas e admitidas neste exato momento pela sua complacência.
A democracia não está ligada à conveniência comodista e indulgente dos cegos que não querem ver.