Fotos e texto do MAB
Hoje (20), em Porto Velho, aconteceu o lançamento do Caderno de Conflitos no Campo 2016, organizado pela Comissão Pastoral da Terra e a diocese de Porto Velho. O Relatório anual traz registros das ocorrências de conflito e de violência sofrida pelos trabalhadores e trabalhadoras da terra, e é uma referência no Brasil.
O lançamento contou com a participação de dezenas de lideranças do campo, de movimentos sociais e organizações como o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, Liga dos Camponeses Pobres – LCP, Conselho Indigenista Missionário – CIMI e Organização dos Seringueiros de Rondônia – OSR.
“Em Rondônia os conflitos se concentram em maior número na região do Cone Sul e do Vale do Jamary, com diversidade de sujeitos envolvidos e também em tipos diferentes de conflitos” como apontou Zezinho da CPT. Segundo ele, “foram 14 camponeses assassinados em 2016 no estado, sendo que parte deles tem envolvimento direto de agentes do estado, através de milícias paramilitares, que envolvem policiais militares e oficiais do alto comando da própria Policia Militar”.
Dom Roque, arcebispo de Porto Velho e presidente do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, destacou a necessidade de organização para enfrentar a violência no campo, e que “não deixamos de lutar e ter esperança, que os pobres possuirão a terra”.
A Amazônia Legal, que compreende toda a região Norte mais partes do Maranhão e Mato Grosso, concentrou, em 2016, 79% dos “assassinatos”: 48 dos 61 registrados; 68% das “tentativas de assassinato”, 50 das 74; 391 das 571 “agressões físicas”, e 171 das 200 “ameaças de morte”, 86% e 192 das 228 pessoas presas.
“No contexto de crise internacional do capital, a tendência é que a situação no campo piore, principalmente na Amazônia, pois em crise o capital procura avançar sobre base naturais” como explica João Dutra do MAB, ainda segundo João “não há saídas institucionais para a solução dos conflitos, o direito é conquistado na luta”.