247 – O que a cúpula do PSDB ainda acredita que deva acontecer para largar o violino e saltar do navio de Michel Temer, antes de afundar junto com ele?
Temer já foi carimbado como corrupto “com vigor” pela Polícia Federal, que o apontou como o mandante por trás da mala de R$ 500 mil em propina com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures. De acordo com o relatório parcial apresentado pelo delegado Thiago Delabary, “resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a pratica de corrupção passiva” (leia a íntegra do relatório).
Um dos principais argumentos dos caciques tucanos para ignorarem os furos no casco e a água no barco de Temer é o apoio do partido às reformas trabalhista e da Previdência, propostas por Temer, que são rejeitadas por 80% da população, segundo pesquisa CUT/Vox Populi (leia aqui). Ocorre que cada vez menos parlamentares estão dispostos a enfrentar o custo político das medidas de Temer. Inclusive deputados e senadores do próprio PSDB.
Uma prova foi a rejeição da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado nessa terça-feira, 20, por 10 votos a 9. A derrota de Michel Temer contou votos de senadores do PMDB, como Hélio José (DF), e até do PSDB, com o senador Eduardo Amorim (SE), explicitando que uma parcela do partido não aceitar continuar apoiando o governo.
Na Câmara também há dissidências pela saída do PSDB do governo. O grupo dos “cabeças pretas” do PSDB, formado pelos deputados mais jovens e liderado por Daniel Coelho (PSDB-PE), fechou posição e vai votar a favor da denúncia contra Michel Temer, que será implicado em corrupção, organização criminosa, obstrução judicial e lavagem de dinheiro. A denúncia deve ser enviada à Câmara no fim de junho.
Por último, pesquisa realizada pelo DataPoder360, divulgada nesta quarta-feira, 21, mostra que apenas 2% consideram seu governo positivo, enquanto 75% o rejeitam (aumento de 10 pontos percentuais em relação à pesquisa de maio). 79% dos entrevistados desejam a renúncia ou a cassação do peemedebista. Em caso de queda de Temer, 87% dos brasileiros querem escolher o próximo presidente. Eleições indiretas, ou seja, por meio do Congresso Nacional, é a preferência de apenas 4%.
O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), não consegue descer do muro e tomar uma decisão definitiva sobre o apoio ao governo Temer. Ao ignorar os apelos da base e trair a própria história ao ser cúmplice da corrupção de Michel Temer, o PSDB pode perceber seu erro quando já estiver submerso no naufrágio de Temer.