Não está na Bíblia, mas em Shakespeare que “O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”.
E o anjo das trevas usou muitos interlocutores em oposição à uma crítica que fiz ao evento evangélico que emporcalhou um patrimônio histórico na capital, a praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
O puxão de orelhas que dei foi pela sujeira que o público, majoritariamente evangélico, deixou no espaço cedido sem cobrança alguma, com apoio total da prefeitura para a organização e limpeza.
Deixei claro que não me oponho a qualquer tipo de festa em espaços públicos, desde que ninguém ou todos paguem para contar com suporte público de limpeza, organização do trânsito, iluminação e segurança.
Não acho justo que manifestações populares como o carnaval só aconteçam se submetidas à burocracia de regras e pagamento de taxas.
A crítica, portanto, pode desagradar muitos, mas é legítima, honesta e importante pra muita gente.
Só que tecer críticas ao público de eventos religiosos como suportam os foliões, não sei por que, é visto como um atrevimento e até interferência do belzebu.
Não pratico intolerância de qualquer espécie, mas combato duramente a conduta de fundamentalistas hipócritas e nenhuma denominação religiosa está acima da crítica.
Podia ter ido além apontando o quão nociva é a combinação de religião com interesse meramente politiqueiro.
Nem critiquei o prefeito, que aqui nunca foi visto como folião e nem seguidor de igreja evangélica, mas estava lá no show gospel após ignorar o carnaval que nasceu junto com a cidade que comanda.
O que fiz foi devolver o argumento de muitos parlamentares, agentes públicos e fiéis de igrejas evangélicas que todos os anos demonizam o carnaval pelo barulho e sujeira que deixa nas ruas. Mostrei que o hábito de emporcalhar a cidade não tem a ver com o tipo de evento, mas com a falta de consciência ambiental de um modo geral.
Por provar com fotos que numa festa de multidão quem não ingere álcool é capaz de se comportar exatamente igual, ou pior, que quem ingere, uma turba fundamentalista me atirou todo tipo de lixo mental.
Separei os comentários mais amorosos e cristãos.
“Morre desgraça!”, seguido por “Falou tudo. 1000 curtidas pra esse comentário”.
“Deve ser filha do capeta. Tá muito incomodada”.
“Isso ae brasil merece está fudido pelo teu povo”. (?)
“Isso é falta de sexo”. (rsrs)
“gente, já falei que é falta de rola no cu dela.”
“É pq ela apoia o movimento LGBT (nada contra) mais eles são sim intolerantes religiosos pq acham que nois somos obrigados à aceita sua praticas anti bíblicas de homossexuais, até mesmo na minha igreja tem um que era ex-travesti, e estar com nosco adorando a Deus como homem”.
“apaputaquepariu hipócrita do caralho, tinha era vergonha nessa cara pra invocar o nome de Deus víbora”.
Essa gostei, achei divina: “mulherzinha essa que fala muito é tipo garrafa de vinho, só sossega deitada no escuro e com a rolha na boca”. Verdade Rsrsrsrsrs
A mesma pessoa que me acusou de intolerância religiosa, saiu com essa: “Essa senhora deve ser que vota 13, elege uma chapa do Satanás dos quintos dos infernos e agora pede diretas pra lacrar 13 de novo”. Entendeu? Promover ódio partidário, pode.
Bom, a crítica que publiquei sem marcar ninguém atingiu quase mil compartilhamentos e milhares de comentários ‘cristãos’ como esses.
Das 1400 sensações registradas, 1000 são de curtidas, 200 de raiva, 93 de tristeza e 39 gargalhadas.
As reações nos comentários ainda não foram computadas pela minha assessoria. Rsrsrs
Os interlocutores do chifrudo seguem comentando sob alegada ‘inspiração divina’ na publicação que fiz na segunda-feira.
Lidera o comentário de que fiz a crítica “pra aparecer e ganhar seguidores”.
Putz! De novo esqueci de publicar na minha fan page ou no blog.
Havia alguém investido de função pública em cima do palco do show que só queria aparecer e faturar politicamente – e não era eu – que fez de tudo para agradar um grupo social, o que negou a outros.
Aos que prometeram orar pela salvação da minha alma, se omitindo às agressões que sofri na publicação, peço a ajuda do Deus de amor presente em todas religiões.
Que me livre das orações repletas de ódio dos falsos cristãos, seguidores de falsos profetas.
Que me salve ‘desses’ que querem me ‘salvar’.
Palavra da salvação.