Quando a gente para no meio do rio Madeira, num caiaque, com este por do sol, botos pra todo lado, o povo acenando nos distritos ribeirinhos, vendo a cidade do quintal, é que percebemos o tamanho da nossa grandeza.
É um privilégio poder conviver com este rio caudaloso, um dos maiores no mundo (mais de 2.700 km de extensão) com rica fauna e flora e vigorosa vida ribeirinha.
É um rio por onde trafegam memórias de desbravadores de várias nacionalidades e resistentes povos que vivem nas suas margens.
“Chegar tão perto da usina de Santo
Antônio remando é como sentir o bafo da garganta de um dragão”, diz Ernande Segismundo.
Será que nossos netos aproveitarão os modos de viver e criar que corre nas margens desse rio?
Lembro um trecho da peça Lete, do Rodrigo Vrech.
“No início era um rio. Só um rio. Veloz, violento, de águas turvas e amadeiradas. Um rio de cachoeiras intransponíveis, que fizeram nascer ao seu redor uma ferrovia endemoniada. Um rio que alimentou a ganância do garimpo, e que carrega em seus sedimentos o ouro e suas catástrofes. Um rio de megawatts. Um rio que enfrentará pela primeira vez as barreiras e as barragens.”
A força da cidade está no rio, na herança da natureza pra todos.