O pedido de autorização de licença encaminhado pelo prefeito Hildon Chaves (PSDB-RO) foi submetido à apreciação na Câmara de Vereadores de Porto Velho nesta segunda-feira (03). O ofício que encaminhou a solicitação de afastamento por quase um mês, veio assinado pelo ex-chefe de gabinete, Breno Mendes, exonerado do cargo no dia 26 de junho.
O documento foi mantido em segredo, engavetado, mas a imprensa noticiou que o prefeito deve se afastar para curtir férias com a família com apenas seis meses de trabalho e com o vice envolvido no maior escândalo de corrupção do país.
Foram 15 votos favoráveis. Só dois vereadores votaram contra a autorização: Aleks Palitot e Cristiane Lopes. Ausentes estavam Márcio Oliveira, e Pastor Edésio, Luan da TV que estava na casa, sumiu na hora da votação.
O prefeito tucano alega que vai “tratar de assuntos particulares”, deixando o comando da capital, Porto Velho, com o vice Edgar do Boi, citado por Valdir Aparecido Boni nas delações da JBS. Ele teria recebido, segundo o depoente, entre 2012 e 2014 cerca de R$ 2 milhões e, em 2015, mais R$ 1,8 milhão, de propinas em troca de benefícios fiscais no estado de Rondônia.
No dia 20 de maio, Edgar do Boi anunciou seu afastamento nas redes sociais e no mesmo dia o prefeito convocou entrevista coletiva para dizer que partiu dele o pedido.
“Fomos surpreendidos com a notícia e imediatamente, diante dos fatos, solicitei pessoalmente ao vice-prefeito que procedesse ao seu afastamento da prefeitura, o qual aceitou de pronto por entender que este seria o caminho mais certo para se identificar a sua defesa, respeitando o devido processo legal”, afirmou.
Na prática, comenta-se que o vice nunca esteve afastado das funções.
O candidato do PSDB venceu fácil a disputa pela prefeitura com um discurso eloquente contra a corrupção e chegou a dizer num debate que conhece um “bandido com dois minutos de conversa”.
A participação de Edgar do Boi no esquema criminoso será investigada, mas, foi graças ao vice que escolheu, que Rondônia está no grupo de novos pedidos de abertura de inquéritos feitos pela Procuradoria Geral da República à instâncias judiciais de vários estados, como o Paraná, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e o Distrito Federal.
O ‘Doria’ de Porto Velho, como sugeriu a revista Veja, dizia na campanha que tinha os votos dos “constrangidos morais”.
Pelo visto, o prefeito tucano não está constrangido em pedir licença de 25 dias com 6 meses de gestão e muito menos em deixar a prefeitura nas mãos do vice envolvido num escândalo colossal como o da JBS que gerou pedidos de impeachment contra o presidente da república.
É pouca a vergonha.