No Almanaqueiras, por John Cartaxo
O Brasil, como sabemos, está imerso em uma forte instabilidade econômica, política e social. Acha-se sob um excepcional estado de calamidade, pela erosão dos padrões éticos, pela descrença generalizada de pessoas e instituições, desemprego, aumento da falta de credibilidade, levando o Brasil apresentar uma deflação pela primeira vez em 11 anos.
São inúmeros os cenários de crise do atual governo e o caos político se instalou.
O insuspeito O Globo, noticia que na próxima semana, durante reunião do Conselho Econômico e Social da ONU, em Nova York, 40 entidades civis, como ActionAid, Ibase e Fundação Abrinq, apresentarão documento mostrando que a fome assombra famílias brasileiras.
O presidente do Sinprofaz, Achilles Frias, diz que: “Os bancos devem R$ 124 bilhões. São recursos do povo. Verbas que poderiam ser investidas em áreas como educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e mesmo a Previdência, mas não é cobrada”.
O nosso Presidente vive uma ampla crise política, sendo alvo de denúncia de corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), tendo como base as delações de executivos da JBS.
Aécio Neves é investigado e afastado do Senado por suposto recebimento de R$ 2 milhões em vantagens indevidas do Grupo JBS. O STF revogou a decisão e Aécio retornou ao Senado.
O Conselho de Ética do Senado confirmou o arquivamento do pedido de cassação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), alvo de representação por quebra de decoro parlamentar. Desta forma, Aécio sequer será investigado na Casa.
E o povo já o perdoou por roubar 54 milhões de votos dos brasileiros? Eu, pessoalmente, não! Para ele, todas as minhas flechas de bambu. Vamos encher o saco dele, também!
O senador Renan Calheiros chamou Temer de covarde e falou da influência de Eduardo Cunha em seu governo, reconheceu que o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff foi um erro pelo qual o país está pagando caro. Diz ainda, que Temer errou ao “achar que poderia governar o Brasil influenciado por um presidiário em Curitiba”. Por fim, diz que o Brasil é grande demais para ser governado por bandidos, soltos ou presos”.
Com efeito, em meio a todos esses desmandos, outras trapaças são encobertas, o que lamentamos, pois o capital cognitivo da população do nosso país é refém em alto grau dos grupos de comunicação que se encontram nas mãos de poucos, por isso, o que não é veiculado nestes canais não é de conhecimento da maioria da população.
A Lava a Jato acabou… Com a mudança no Ministério da Justiça, pressões diretas sobre o diretor-geral da Polícia Federal e o desmonte das verbas para a instituição são as peças-chave que levaram ao fim a força-tarefa dedicada às investigações da corrupção no sistema político.
Surpresa? Nenhuma. O senador Romero Jucá (PMDB) forneceu o roteiro completo do que seria o “grande acordo nacional” para barrar a operação (“estancar a sangria”).
Então, diante de tudo isto, nos vem às perguntas que não calam:
A turma da panela, do pato amarelo e da camisa verde e amarela da CBF, onde estão que não respondem? Onde andam àqueles que combatem a corrupção – ou suposta corrupção – dos outros, mas calam perante a prevaricação dos amigos, endinheirados, parentes, aliados ou até mesmo dos políticos que tem ‘fortes elos com o Brasil’ e ‘carreira política elogiável’?
É, mas diante das estripulias perpetradas pela Quadrilha de Estimação introduzida no poder, panelas antes tão vibrantes, se mantem silenciosas e mudas. Cadê o aplicativo de som de panelas? Foi cumprida a missão? Pelo visto, o panelaço nas varandas gourmet dos luxuosos apartamentos de ontem, não era contra a corrupção. Foi contra o constrangimento que a elite branca passa ao disputar espaço com gente diferenciada nos aeroportos, que congestiona o trânsito e disputa vaga na universidade. Caíram as máscaras? Pois é, panela que muito ferve, o sabor perde.
Possivelmente amassem seus utensílios de teflon nas paredes das varandas gourmet ou nas suas próprias vergonhas e consciência, assumindo silenciosamente: “Mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa!”
O poema Via láctea, de Olavo Bilac, reiteradamente serve de inspiração a muitos, quando se fala em panelas e eu também me atrevo, no ensejo, a utilizá-lo para falar deste lancinante instrumento de protesto, talvez uma repetição, mas vejamos:
Ora, ora..!- propalas- escutar panelas, chaleiras e frigideiras. Claro!
Agora, viraste louco… e eu vos direi, entretanto,
Que vezes muitas fico, atônito,
Para escutá-las com súbito espanto
Dizes agora: – Santo e louco amigo,
Que poderão falar as panelas?
O que falam quando contigo estão
Que significado tem suas frases?
Direi mais: – Isso só tem lógica,
Apenas quem tem fome deve ter ouvido
Hábil para ouvir e compreendê-las.
Enfim, é imperioso que a sociedade brasileira tenha capacidade de reagir à volta das questões essenciais, quais sejam: uma moderna política econômica, com a aprovação da reforma política com a cláusula de barreira e que as instituições voltem a funcionar, culminando com antecipação das eleições, para agora. Não queremos acordos que mantenham o povo, de novo e sempre, distanciado do exercício da democracia. Esse é o caminho e precisa do apoio de todos.