É o que todos se perguntam após o debate fuleiro que a vereadora do PMN travou com uma professora no facebook.
Ada Dantas, mais conhecida como esposa do deputado estadual Jesuíno Boabaid do que por qualquer outra coisa, se elegeu com um discurso moralista e com vídeo de apoio do deputado Jair Bolsonaro, ícone do resgate do lema nacionalista ‘Deus, Pátria e Família’, dos anos de chumbo impostos pela ditadura militar.
A vereadora do PMN defende ao lado do marido a militarização das escolas públicas para garantir “um futuro melhor aos jovens”.
O perfil conservador atraiu eleitores que acham que endurecer normas de convívio e padronizar o comportamento de estudantes são alternativas para valorizar instituições e práticas tradicionais como forma de minimizar a violência, proteger famílias e impor moralidade ao país.
A mulher que ostentou postura firme na defesa de valores morais e que usou a Associação dos Praças e Familiares da Polícia e Bombeiro Militar de Rondônia (Assfapom) como degrau para ocupar uma vaga na Câmara, escandalizou com a linguagem que utilizou para refutar um comentário.
Puta, vagabunda, maluca e quenga do PT, foi como qualificou a professora que sutilmente criticou a vereadora por defender as férias do prefeito com apenas seis meses de gestão.
Convenhamos, qualquer um pode e deve criticar a conduta do prefeito e de quem o apoia.
A crítica é absolutamente necessária, pois o salário da vereadora não é pago pra que defenda o dolce far niente do prefeito na Europa.
Quando o prefeito enviou à Câmara o pedido de quase um mês de afastamento, Ada Dantas foi eloquente na defesa do alcaide.
“Quero parabenizar, quero que tenha boas férias. Eu sei que teve lá o período da campanha, o período de transição, tudo isso leva sim, leva a gente, nós somos sugados na campanha.”
Ao ser questionada pela declaração na internet, a vereadora reagiu de forma desproporcional por deduzir que houve dano moral e pra isso deve buscar reparação na justiça, o que é um direito.
Formada em Direito, consciente de que deveria buscar meios judiciais e não virtuais pra coibir o que considera que ultrapassou o limite das liberdade de expressão, Ada usou uma linguagem de ambiente lupanar, praticando calúnias ainda mais graves contra a professora.
Pediu desculpas, mas não colou.
“Ada Dantas vem a público se desculpar pelo infeliz fato ocorrido na noite de domingo.”
Ela escandalizou os colegas de parlamento, a imprensa e seus eleitores, mas quem a conhece diz que sua postura sempre foi marcada por excessos quando submetida a pressão.
Uma coisa é uma pessoa comum proferir palavrões nas redes sociais, outra bem diferente é uma figura pública, embora todos se submetam à responsabilização por danos morais.
O júri virtual condenou a conduta da vereadora imediatamente, transformando o assunto e um dos mais comentados nas redes sociais. O destempero com linguagem chula e ofensiva é incompatível com a função que exerce graças ao voto popular.
Só o tempo dirá se Ada Dantas conseguirá recuperar a postura ‘pacificadora’ de campanha ou manter a agressividade que revelou em tão pouco tempo de mandato.
Até lá, um versículo bíblico sustenta a dúvida: “Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?”