O que Rodrigo Janot está esperando para anunciar que vai procesar Gilmar Mendes?
No DCM, por Kiko Nogueira
É questão de timing? Medo? Descrença na justiça? Ou Gilmar está, de alguma forma, correto?
Na segunda, dia 7, GM afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha que considera o procurador geral da República “o mais desqualificado que já passou pela história da Procuradoria”.
Seguiu batendo: “Porque ele não tem condições, na verdade não tem preparo jurídico nem emocional para dirigir algum órgão dessa importância”.
O ministro do STF acredita que o acordo de delação firmada com os executivos da JBS, que embasou a denúncia por corrupção contra Michel Temer, será revisto.
“Tenho absoluta certeza de que o será. Como agora a Polícia Federal acaba de pedir a reavaliação do caso do Sérgio Machado, que é um desses casos escandalosos de acordo. Certamente vai ser suscitado em algum processo e será reavaliado”.
Em maio, Janot pediu que GM fosse impedido de atuar no habeas corpus impetrado pela defesa de Eike Batista. Queria que que o pedido de liberdade do empresário, concedido por Gilmar, fosse anulado.
De acordo com Janot, há questionamentos sobre sua isenção no caso, já que a mulher de GM, Guiomar Mendes, trabalha no escritório que presta serviços para Eike.
Para Janot, Gilmar Mendes incidiu em hipótese de “impedimento ou, no mínimo de suspeição”.
Gilmar bateu na medalhinha, insinuando que o desafeto é, entre outras coisas, um bêbado. “O voluntarismo e a ousadia, estimulados por qualquer tipo de embriaguez, cegueira ou puro despreparo, não devem ser a força motriz de atos processuais”, escreveu a Cármen Lúcia.
“A ação do Dr. Janot é um tiro que sai pela culatra. Animado em atacar, não olhou para a própria retaguarda”.
O advogado Sergio Bermudes, sócio de Guiomar, foi mais longe e classificou Janot de sicofanta, leviano, inescrupuloso e irresponsável.
Não é que Janot não acione ninguém.
Em março, o MPF entrou com uma ação contra o youtuber Rodrigo Pilha, que tem 2 mil seguidores em seu canal, por ter sido chamado de “rato”.
Pilha falou que o PGR havia se reunido com o senador Romero Jucá em um restaurante em Brasília para fechar um acordo no sentido de evitar que Temer e senadores fossem investigados e processados.
“Ao imputar falsamente — e ciente da falsidade —, a perpetração de crime de prevaricação pelo procurador-geral da República atingiu a incolumidade moral do ofendido, agredindo-lhe a honra objetiva“, diz um dos trechos da ação penal ao justificar o requerimento de condenação por calúnia.
A denúncia quer, ainda, que o blogueiro seja condenado a pagar indenização como forma de reparar os danos decorrentes das infrações.
Rodrigo Janot deixa o cargo em 17 de dezembro. Até lá, certamente terá uma explicação para o fato de mover os meios legais para proteger sua honra com uns e não com outros.