A conta do Dia dos Pais: vale abraços e afagos

A conta do Dia dos Pais: vale abraços e afagos

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Não, eu não sou pai de ninguém. Mas festejo

Brasil de Fato, por Mouzar Benedito

Está aí mais uma data pra eu festejar: é o Dia dos Pais.

Não, eu não sou pai de ninguém. Mas festejo. Vai ser na casa do meu irmão mais velho que é pai de três filhos e avô de um bando de crianças.

Todos vão festejar na casa dele. Inclusive eu e outros irmãos. Uma festa e tanto.

O detalhe é quem vai pagar a festa é ele mesmo, o homenageado.

Claro que ele vai ganhar alguns presentes, muitos abraços, afagos. Vale mais pelos abraços e afagos. Os presentes, ora, isso é o que tem menos valor.

Nos dias de hoje, Dia dos Pais é muito diferente de “antigamente”. Não só por esse negócio de presentes e pelas festas, coisas que antes não eram obrigatórias como hoje em dia.

Nada de badalação. Só parabéns e abraços.

Mas tem outra diferença muito interessante. É que as famílias atuais podem não ser como as de “antigamente”. Meu pai tinha dez filhos. Todos com a minha mãe.

Agora, ter três ou quatro filhos é uma raridade. E pode ser um com cada mulher.

É o caso de um amigo que tem quatro filhos, o mais velho com doze anos. No Dia dos Pais ele vai receber muitos afagos e alguns presentes, mas vai ter uma trabalheira danada, porque essas crianças não têm a mesma mãe. O pai é ele, mas são quatro mães.

Ele vai ter que buscar um por um, em bairros muito diferentes. Aí, passa o dia com eles, mas tem que ser moderado na festa, porque à noite terá que devolver um em cada casa.

E tem outro amigo que eu me lembro quando vai chegando esse dia. Ele é jovem, tem uns 30 e poucos anos e até gosta de ser homenageado no Dia dos Pais, mas certa vez, uma semana antes da data, me falou o seguinte:

— Eu sei como vai ser: a minha mulher vai me pedir R$ 200 pra dar ao meu filho pra ele comprar um presente pra mim. Mas não vai entregar o dinheiro todo pra ele, fica com R$ 100 e dá só R$ 100. Aí, o meu filho vai comprar o meu presente, uma camisa de R$ 50. Os outros R$ 50, ele embolsa.

Fez uma pausa e continuou:

— No almoço do Dia dos Pais, o meu filho vai me dar a camisa e eu vou ter que fazer cara de muito feliz, sabendo que paguei R$ 200 por uma camisa que custou R$ 50.

Eu ri, e ele concluiu:

— Mas vale a pena.

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