É mais quem declara vontade em romper com o presente expurgando todo o mal que existe no mundo. Os que estão à direita e à esquerda e os que transitam em seus extremos, sonham com uma nova ordem social.
A questão é como perseguir um mundo melhor, o convívio social mais humano, justo e livre, com tantos líderes políticos e pessoas comuns comprometidas com o estrume das eras?
Os choques pelo domínio territorial de riquezas, por intolerância religiosa, xenofobia, racismo e a disputa de predomínio ideológico entre capitalismo e socialismo, estão aí, no violento cotidiano mostrado no noticiário.
O ideal de “fazer o mundo de uma nova forma, criar um novo homem e uma nova mulher” por meio de uma política global civilizada, parece cada vez mais distante e não sem derramamento.
Ao ver as cenas da marcha nazista em Charlottesville, nos EUA, meu filho mais novo até perguntou se eu estava assistindo de novo o filme Selma, Uma Luta Por igualdade.
O presidente americano, Donald Trump, que disputa com o ditador coreano, Kim Jong-Um, o título de mais insano na nova era, ameaçou “fogo e fúria” como o mundo nunca viu e a reação de um modo geral foi de tolerância à banalidade do mal.
No Brasil, bom, aqui vemos moradores de rua expulsos com jatos de água em noite fria, parlamentar dizer que estupro é um privilégio e até milhares nas ruas lutando por perda de direitos e menos investimentos em políticas sociais.
Parece que quanto mais avançamos o passado igualmente acelera.
O pensador socialista belga, Ralph Miliband, escreveu que para varrer do mapa a velha ordem, impor uma revolução sem o véu do romantismo, a humanidade precisa se livrar do estrume das eras.
Como anticapitalista convicto e militante não deixou de apontar os equívocos da esquerda presa a uma “visão salvacionista e quase religiosa”.
Segundo Miliband, levará muito tempo para o homem aprender a se organizar em comunidades democráticas, igualitárias e cooperativas. Os conflitos enraizados nos interesses de classes jamais serão eliminados, mas podem ser minimizados.
O socialismo, dizia, que para ser o ponto de partida à uma nova ordem deve perseguir que inexista praga que “condene a humanidade à divisão e à rivalidades perpétuas. ”
O duro é praticar isso com massas que obedecem aos comandos dos que levam vantagem com essa divisão ideológica.
Esse é o grande desafio, lutar para que as sociedades se organizem sem manipulação de massas e sem apelo à barbárie.
“Pessoas de poder, tendo tomado suas decisões, nunca encontraram dificuldade em alistar pessoas para a execução de desígnios assassinos. Sob seu comando sempre houve gente suficiente para infligir violência, tortura e morte a outros seres humanos”, realçou Miliband.
Não foi um líder, uma nação, uma sociedade em particular, uma orientação política responsável por atrocidades em grande escala.
“Mas é um passo muito grande e injustificado deduzir disso, que a noção de humanidade como tal não pode escapar do matadouro e está condenada a somar, geração após geração, até o fim dos tempos, no catálogo da crueldade coletiva”, desafiou o pensador.