247 – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, convocou uma coletiva de imprensa às pressas na noite desta segunda-feira 4 para anunciar que determinou a abertura de uma investigação para apurar indícios de ocultação de informação sobre o acordo de delação premiada da JBS.
Janot afirmou que foram encontrados “áudios gravíssimos” no material entregue nos últimos dias pelos delatores da JBS “espontaneamente” à PGR, que haviam sido “omitidos do Ministério Público Federal”.
Trata-se de uma conversa de quatro horas “entre dois colaboradores”, segundo ele, que se refere à “privacidade da vida de pessoas” e “referências indevidas” à PGR e ao Supremo. A gravação traz indícios de conduta criminosa atribuída ao ex-procurador Marcelo Muller. “As insinuações são muito graves”, ressaltou.
A conversa foi gravada em 17 de março deste ano e aconteceu entre Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Ricardo Saud, ex-executivo do grupo e também delator, responsável pela distribuição de propinas da empresa a políticos.
Ele submeteu a gravação ao STF e disse que é “provável” a rescisão do acordo de colaboração premiada da JBS. No entanto, isso “não invalida nenhuma prova” trazida à tona pelos delatores do grupo, assegurou. As denúncias dos delatores da JBS atingem diretamente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), entre outros políticos.
Caso a delação seja rescindida, haverá reversão apenas dos benefícios concedidos aos delatores, entre eles o empresário Joesley Batista.
“Se os executivos da JBS erraram, pagarão por isso, mas nem por isso pagará o instituto [da delação], que deverá ser preservado. Assistimos hoje forças que se levantam contra o instituto da colaboração premiada”, disse Janot.