Onde estão os que embarcaram nos protestos a favor da deposição da presidenta eleita Dilma Rousseff?
Muitos aderiram aos chamados de movimentos como Brasil Livre e Vem Pra Rua alegando motivações distintas à pauta que se restringia ao Fora Dilma por perda de governabilidade e pelo fim da corrupção.
“Não tenho partido, meu partido é meu país”, diziam.
“Quero todos na cadeia. Primeiro a gente tira a Dilma e depois os outros”, repetiam quando perguntados por que seguiam manifestações que só miravam no PT.
Foi há um ano que esses movimentos saíram nas ruas pela última vez para celebrar o fim de um governo e início de outro. Quem insinuou outros motivos para apoiar o golpe, se deu por satisfeito com a substituição de Dilma por Michel Temer.
Famílias inteiras vestidas com verde e amarelo embarcaram em manifestações que foram determinantes ao desfecho do impeachment no 31 de agosto de 2016.
Muitos levaram os filhos para ensiná-los como lutar pela perda de seus direitos.
É justo, portanto, cobrar dos que ajudaram na deposição da presidenta eleita, o empurrãozinho que falta para tirar Temer do poder.
Se Temer mantém a governabilidade com os acordos mais espúrios e a corrupção alcançou níveis imensuráveis, por que se escondem os combatentes da direita?
Vergonha em admitir que foram ludibriados?
Pior é carregar a vergonha como enrolados à mortalhas costuradas com as próprias mãos.
Não, não é acanhamento, é só hipocrisia mesmo.
Mais insuportável que tudo o que os golpistas fazem contra o povo e o país é conviver com essa catinga de hipocrisia dos que se diziam bons brasileiros.
Seus filhos devem estar se perguntando quando irão protestar novamente.
Papai e mamãe podem fingir que o país melhorou, mas não combina com o noticiário.
Temer segue governando como primeiro presidente denunciado por corrupção, cercado de ministros investigados como ele, após roubar direitos e tentar roubar até o ar que os brasileiros respiram, com um decreto que extinguia a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), localizada entre os Estados do Amapá e do Pará, no Norte do Brasil.
“A extinção da Renca abre caminho para que a extração mineral de escala empresarial chegue à região, trazendo desmatamento, contaminação de solos e de rios. Além disso, trará transtorno cultural e social, pois atrai fluxo grande de pessoas, grilagem, conflitos e violência contra as populações locais”, afirmou Cassandra Oliveira, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
É cada vez maior o desmantelo econômico, social e moral que promovem os ‘patriotas’ da direita que não protestam nas ruas e sequer nas redes sociais.
O governo golpista e mais corrupto da história os têm como aliados de ontem e hoje.
Mas, como bem disse Millôr, “Pode-se brincar com a hipocrisia alheia como quem brinca com a roleta russa com a certeza de que a arma está descarregada.”
Os patos botaram ovos e vamos atirar até sempre, nos que se orgulham de conservar a imposturice moral.