No Rondônia Dinâmica, por Vinicius Canova – E se o dinheiro supostamente acumulado pelo peemedebista Geddel Vieira Lima fosse hipoteticamente do ex-presidente Lula (PT)? As pessoas se surpreenderam com as malas e caixas de dinheiro apreendidas pela Polícia Federal (PF) num apartamento em Salvador que, de acordo com informações, teria sido emprestado ao ex-ministro do presidente da República sem votos Michel Temer, seu correligionário.
Se surpreenderam e… E foi só isso mesmo.
Para não agir com a desfaçatez costumeira de muitos dos meus ora ocupadíssimos concidadãos, relembro que o político endinheirado, além de desempenhar funções do governo ilegítimo de Temer, foi eleito cinco vezes deputado federal pela Bahia; chefiou o Ministério da Integração na era Luiz Inácio e, na gestão da petista deposta pelo golpe Dilma Rousseff, chegou a ser vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.
Recordo, ainda, que Geddel Vieira fora obrigado a pedir demissão da administração draconiana após ser denunciado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Calero o denunciou por ter sido pressionado a liberar uma obra no Centro Histórico de Salvador.
Geddel seria proprietário de um apartamento em um edifício cuja construção foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), subordinado ao Ministério da Cultura, por isso o desfecho trágico de desembarque prematuro para ambos.
Geddel, suspeito de ser o dono dos R$ 51 milhões apreendidos pela PF, chegou a dizer em um ato anticorrupção – que na realidade era contra Dilma e a legenda a qual pertence até hoje – em 2015:
“Ninguém aguenta mais tanto roubo”.
E não é que o ex-ministro tinha razão? Naquela época era isso mesmo! Aquilo que era insuportável há dois anos é gritantemente tolerável atualmente.
O espectador vê, de forma passiva, poucos metros quadrados preenchidos por montanhas de grana e, de maneira inequívoca, o máximo que consegue é balbuciar algumas generalidades sobre patifarias diante da televisão – e nada de caçar os responsáveis.
Aliás, é sintomático como muitos políticos criminosos conseguem se safar com esse discurso comezinho contra a esquerda matando dois coelhos com uma só cajadada: atraem para si eixo fortíssimo do eleitorado, que passou a comprar discursos pré-fabricados, e ainda escracham singularíssimo inimigo em comum, com cores, ideologia e definições contrárias, se unindo à multidão como se não tivessem absolutamente nada a ver com o caos experimentado no País.
Depois da chocante descoberta do “bunker”, Geddel continua sendo Geddel: uns conhecem e outros não. Os mais oportunistas fazem questão de ligá-lo a quem? Lula, é claro!
Porque é mais fácil conectá-lo apenas ao PT, mantendo o joguinho de mocinho e bandido, que aceitar, de uma vez por todas, o tapete vermelho estendido ao PMDB dos homens das malas, como o próprio Lima; o já esquecido Rocha Loures; Eduardo Cunha – gatuno exaltado no Plenário da Câmara por outro indigitável – conhecido nos bastidores como “papi” do fofíssimo André Fufuca (PP-MA), e, nunca é demais mencionar, Temer!
Ninguém nas ruas. Não há um ruído de panelas…
Insisto: e se o dinheiro fosse do Lula?